Fantástica Gramática Automática
Tuesday, July 29, 2008
  Sobre a necessidade da biografia
Com a morte do autor e o nascimento do produtor
(de uma ave velha e forte nasce uma ave nova e mais forte se conseguir)
, a necessidade da biografia nunca foi tão grande. Não é procura de detalhes sórdidos sobre a vida pessoal, mas sim a construção de um quadro que configure o conhecimento possuído
(a necessidade tem origem no desconhecimento do sujeito em causa quando a sua obra é relevante)
. Por exemplo
(ainda a propósito dos concursos de conteúdos de blogues)
, blogues de pessoas que já eram conhecidas
(entenda-se também a título de exemplo pedro mexia ou josé pacheco pereira entre tantos outros que conheço ou desconheço)
antes deste novo medium estar disponível, têm muito mais visitas e são muito mais populares que blogues de anónimos que se tornaram conhecidos e reconhecidos pelo valor da escrita, imagem, vídeo, áudio.
Uma das razões pelas quais esses blogues são mais populares é pela não necessidade biográfica. Porque quando necessitamos da validação de um sujeito cuja obra é de extrema importância
(mas cuja história discenhecemos)
, na sua biografia procuramos elementos relevantes com os quais possamos argumentar o nosso interesse.
A existência do blogue como medium
(académico
filosófico
literário
político porque tudo é político
entre tantas outras possibilidades que ainda não foram exploradas mas já existem)
com todas as suas contingências, dá origem à necessidade da validação biográfica do sujeito produtor. A democratização que muitos hasteiam em relação ao livro ou qualquer outra manifestação impressa que erradamente se refere ao processo produtivo
(porque a possibilidade produzir continuava a assistir qualquer sujeito a possibilidade ou probabilidade de ser impresso era díspar)
encontra-se na possibilidade da auto-edição-publicação na e da plataforma digital, no medium blogue, e torna visíveis sujeitos cujo trabalho é comunitariamente valorado que de modo diferente não seria. Neste nicho reside a democratização, a liberdade – não na produção.
 
Friday, July 25, 2008
  António, o meu herói
Ao receber o prémio Camões António Lobo Antunes proferiu
(entre tantas outras)
as seguintes palavras
(é sempre agradável receber prémios com muito dinheiro tenho sido muito afortunado, este ano já vieram três)
com muita inteligência crítica. E eu escrevo isto com a tentativa de ser o mais pastichento possível
(abrindo
parêntesis
a direito
e
a torto
para mostrar o quanto o admiro. mais ele é o meu precursor forte como o josé)
.
 
Monday, July 21, 2008
  A minha não dicção ou O meu inferno dantesco: a ignorância
Nunca tomei tanto tempo a ler uma obra como “A Divina Comédia”
(nem mesmo a república me tinha levado tanto tempo e dificuldade de compreensão como os três meses que demorei a atravessar inferno purgatório e paraíso)
. Mas não é o tempo que mais me intriga
(mesmo sabendo que não lerei todos os livros que quero nem ouvirei toda a música que quero)
: não me assistiu a mesma compreensão que noutras circunstâncias tive. Entendo a narrativa e algumas das camadas mais superficiais do poema, mas fico sempre com a impressão que não é suficiente, que há uma camada iluminada mais profunda que não consigo compreender.
Essa ausência de compreensão confronta-me com a minha ignorância uma vez mais. Se em alguns momentos
(noutras obras)
compreendo as subcamadas, o pensamento filosófico, “A Divina Comédia” parece escapar-me. Mesmo considerando o tempo histórico passado
(passado e presente)
.
 
Friday, July 18, 2008
  Elogio do virtuosismo analógico
“Aquela que tem sido a característica mais apontada aos livros como sendo um dos seus maiores defeitos – a rigidez –, face à desconfiança provocada pelos conteúdos publicados na internet, torna-se, por enquanto, no seu seguro de vida.”
Eu escrevi isto
(corrigido pelo meu orientador)
.
(em trinta e sete palavras ou duzentos e trinta e cinco caracteres)
consegui escrever algo que pode ser aplicado noutras áreas artísticas, que pode ter uma relevância maior do que ao universo a que directamente se refere. O que daqui pode ser entendido é que
(por exemplo)
a extrema facilidade em produzir música através de um computador dará ainda mais relevância e importância a bandas cujos instrumentos são analógicos
(a dificuldade do virtuosismo contrasta com a facilidade em produzir música unicamente digital)
.
 
Sunday, July 13, 2008
  Pequenas notas sobre as coisas
Quando há quase uma semana atrás escrevi sobre o pós-modernismo não pensei que me questionassem sobre o que queria dizer com “todos os lugares para todas as coisas e todas as coisas em todos os lugares”
(na esperança que a ironia afastasse quaisquer dúvidas que surgissem e me escusassem também a uma pequena explicação sobre o pós-modernismo)
. Não sei muito obre o pós-modernismo, mas se o modernismo pautava por manifestos artísticos que separavam uma corrente de outras
(vejamos os diversos manifestos surrealistas de andré breton por exemplo uns revolucionários e outros reaccionários)
e da exploração dos media. Ou seja, tudo estava separado, categorizado e arrumado.
Quando os estilos se começaram a misturar
(dando origem ao conceito de in-between defendido por um autor muito conhecido dos estudos pós-coloniais cujo nome não me recordo)
criaram-se espaços. O novo espaço nasceu de uma nova mistura
(não só ente correntes artísticas do mesmo medium mas de media diferente. todos os lugares para todas as coisas e todas as coisas em todos os lugares)
do mesmo modo que de cada vez que uma nova mistura, combinação é feita, um novo espaço é criado, aberto. Até ao infinito todas as combinações são possíveis, tal como o espaço ocupado.
A impossibilidade de catálogo de todas as combinações possíveis
(porque uma produção pode ser um género único mas também um acto único)
. Cria-se o pós-modernismo para fazer face à variedade de produção, abrindo o leque todas as manifestações artísticas
(o pós-modernismo era a continuação do modernismo mas com a possibilidade de mistura de géneros e media)
. Do mesmo modo que o pós-colonialismo. Para explicar tempos que têm uma carácter tão politicamente correcto que a catalogação funciona como um exercício de discriminação. E isso é mau.
 
Tuesday, July 08, 2008
  Errata ou Continuação ou Mais uma nota sobre blogues
Não há dúvidas, hoje em dia o blogue é a plataforma mais democrática
(mesmo considerando aqueles que não têm acesso à internet)
cujo produto depende apenas do produtor. Contudo, se não existir um consumidor que que vale a produção? Porque o consumidor não será consumidor apenas
(desapareceram os dias da ilusão do consumidor passivo)
, será também a crítica comunitária que validará a obra, em qualquer que seja a plataforma que esteja suportada
(mas a isto hei-de voltar depois)
.
Um concurso de conteúdos de blogue é mais democrático, apesar de tudo, que um concurso literário. Para o concurso concurso de conteúdos de blogue qualquer um pode participar e qualquer um se pode oferecer; no concurso literário outros poderes entram em acção, como é o caso das editoras
(uma vez mais retorno à problemática da associação do livro a literatura excluindo todos os outros media literários)
. Porque no dia em que todos os media canalizadores de literatura se encontrarem com o mesmo prestígio e valor, podemos falar de uma total democratização
(até lá a democracia regressa a atenas)
.
 
  Notas variadas sobre o blogue
Decidi não participar no concurso Super Bock Super Blog. Aliás, nem sequer sabia da existência de tal coisa até ter visto no blogue de uma pessoa amiga que estava a concorrer e que afirmava que queria ser lida
(qual w. somerset maugham no fio da navalha)
. Incomoda-me, até certo ponto, que tendo passado os últimos três anos a investigar sobre o blogue, este género de iniciativas me sejam completamente estranhas
.
Não por despeito o ignorância, creio não fazer sentido o concurso do blogues. Um concurso de blogues até poderá fazer sentido, mas não nos moldes em que, presentemente, é estruturado
(porque neste momento um concurso de blogues é um concurso de conteúdos. mão são os blogues que são julgados e premiados mas sim os seus conteúdos)
: ou seja, um concurso de blogues devia analisar o modo como os conteúdos são apresentados, fazendo uma taxonomia de media
entre outros critérios, como a colocação dos links, a ausência ou presença de comentários, a ligação a outros blogues
(entre mais critérios que eu sei que existem mas que de momento não me recordo)
. O importante era analisar, de forma mais estruturalista possível, se o produtor estaria a fazer uso completo das possibilidades do blogue. Com isto pretendo dizer que não há concursos de blogues, apenas concursos de conteúdos de blogues
(onde por acaso são sempre os mesmos nomeados e ganham sempre os mesmos e que embora a pressão editorial não se note outros poderes se manifestam)
.
Um concurso literário, hoje em dia, considera essencialmente os produtos apresentados em formato livro
(em que frequentemente o concurso literário tem o mesmo valor conceptual e semanticamente falando que um concurso de livros)
. A imediata associação entre livros e literatura é a pista cultural que nos indica que o livro é o medium privilegiado e dominante para a mediação da literatura
(mas dominante não significa único e podemos procurar então conteúdos literários noutros media)
.
 
Thursday, July 03, 2008
  A censura atrás de cada rótulo
Li, há uns dias atrás, no vendedor de livros, que estão a pensar categorizar os livros por idades
(como nos filmes e alguns álbuns de música que trazem o aviso aos paizinhos)
. A protecção é, sem dúvida, um modo de censura. Não interessa as razões pelas quais acontece
(não me interessa ficar preso nos juízos de valor)
, mas tal como a educação, qualquer limitação é retirar poder de escolha ao consumidor ou utilizador. Pior é quando a censura vem de dentro, a auto-censura. Mas será que esta forma de taxonomia resulta mesmo? É assim tudo tão taxativo? A razão pela qual a J.K. Rowling foi utilizada como porta-estandarte nesta propaganda resulta, justamente, da abrangência etária das suas obras
(o que por si só demonstra que a taxonomia tal como qualquer definição ou fronteira é um positivismo técnico-científico que não pode ser aplicado à literatura)
e, naturalmente, do facto celebridade que a envolve.
Contudo, aquilo que aplicamos à literatura é igualmente verdadeiro para a música e para o cinema
que há muitos mais anos que estão sujeitos a esta prática. Considero que a música e a literatura, por serem media frios, não necessitam de tanta atenção quanto o cinema, que é muito mais visual.
Considerando que a tendência é o afastamento do abstracto e o aproximação do representativo, deixem lá a literatura sossegada.
 
Tuesday, July 01, 2008
  Meio, início e continuação: construção
Gosto de começar a ler um blogue na publicação mais recente
(desde que a publicação mais recente não faça parte das primeiras publicações)
. A menos que o produtor do blogue tenha já uma ideia muito bem formada daquilo que vai produzir, só passado algum tempo é que se adapta totalmente ao medium e começa a tirar partido
(dentro das sua próprias possibilidades e limitações pessoais)
do seu potencial. É, até então, um período de adaptação
(descobrem-se palavras e temas específicos que potenciam comentários estabelecem-se redes de interacção é-se adorado e adora-se)
. Ler um blogue no seu início será sempre um tiro ao lado, porque o seu produtor acabará sempre por atingir, na maioria dos casos, algo bem melhor do que a sua produção incunábula
(e coloca-nos o desafio de descobrir o arquivo e construir mentalmente a narrativa e desfrutar a evolução)
. Ontem li o meu outro blogue
(o antigo que tinha o nome bonito)
e reparei no que mudou desde há quatro anos atrás até agora
. Marshall McLuhan tinha razão quando afirmava que o medium era a mensagem, mas nada pode ser encarado definitivamente. Mas, neste caso, a minha mensagem é o meu medium, o blogue.
 
fgautomatica@gmail.com | 'é necessário ter o espírito aberto, mas não tão aberto que o cérebro caia'
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