Fantástica Gramática Automática
Sunday, March 19, 2006
  Sem título #4
Gosto de escrever aos Domingos porque parece que não há mais anda para fazer. Não se vê ninguém nas ruas mas os centros comerciais estão a abarrotar e a arrotar; eu também arrotava se tivesse engolido uma horda. Os dias de nuvens como hoje pedem passeios de casacos quentes. Não que esteja um dia especialmente frio, mas há-de estar quando o sol que não vemos desaparecer. Quando chegar a noite. Uma vez, no Inverno, passeei numa praia de noite e a chover: não era bem de noite, mas era ao fim da tarde e já estava escuro e não havia sol e se for de noite quando o sol se põe e não quando começamos a dizer que são oito da noite, então já era de noite. Caso contrário era um fim de tarde.
Ainda é Inverno. Que inferno.

sonhei aos vinte anos (…)
que eu tinha roubado a minha vida
(…)
decidi ir contra a futilidade do romance
E roubei sem a devolver. Acabei por ter que a ir resgatar numa película fabulosa com Errol Flinn, coisas com espadas e canhões. Não havia cá vida nenhuma presa no alto de uma torre, estava mesmo presa na masmorra mais funda e escura. E então? Não acabámos por protagonizar um dos salvamentos mais ousados de todos os tempos? Claro que sim. E resgatei-a e é minha. Lutas interiores são um sarilho desgraçado, é dar sempre uma no cravo e outra na ferradura.
Gosto do verso em que decidi ir contra a futilidade do romance; especialmente porque não é de todo verdade. Pode ser verdade e pode não ser, por isso é que não é de todo verdade, é uma meiazinha verdade. Acho que também deixei estar esse verso porque acho que tem um encanto qualquer, porque também eu me debato com a dúvida da futilidade do romance ou da importância do romance. Mas falta um verso que omiti e explica o romance, que até eu já estava perdido sem perceber peva do que estava a escrever.
E vai assim: depois de treler o monte dos vendavais. Por isso é um romance-livro, não é um romance-romance-de-amor. Para que não haja confusões acerca do romance.
Há ainda dúvidas que ficam sobre o romance, sobre essa corrida de resistência contra o tempo e contra a imutalidade criativa. O trabalho de resiliência criativa tem o seu mérito, mas justifica-se a existência? Fica a dúvida que carrega mais os ombros no início de cada trabalho.

fui apanhado aos vinte e dois anos
em plena capicua inocente e rua
em amantíssima posse viral
E descobri o que era o amor. Sem querer nem saber fui. Era capicua porque quando tentava inverter o resultado e compreender o processo reverso ia sempre dar ao amor. E quando foi a capicua de duas pessoas, que a via através de outros olhos, foi igual e de trás para a frente e traz para frente que já não vale a pena esconder.
 
Comments:
Olá!
Adorei o teu post. Assim como adoro todos. Porque dão prazer de ler, de mastigar mentalmente cada palavra e nunca saber para onde me vão levar!
E é tão bom Domingos assim!

bjs
 
Hoje é segunda feira e gosto de começar as segundas feiras a ler...
Se bem que já tenha começado por fazer outras coisas, mas na verdade só começamos qualquer coisa quando nos disposmo a enfrentar a vontade. Comecei mas não me apercebi.
Agora fui apanhada nas tuas palavras e penso que tanto aos 22, como aos 18 ou aos 24 somos apanhados por tantas coisas, como se tivessemos um controlo miudinho na nossa vida...penso muito nestas coisas...enfim...

Beijos
 
Somos todos apanhados
hoje amanhã cedo ou tarde
por algo inteiro ou aos bocados
que nos aquece enregela acalma ou arde.

Envolvem-nos as suas teias
e não tem verdades meias
dizem que é amor.


Vi um filme com o Errol Flinn, parecido com "esse" titulado em português "O Prisioneiro de Zenda"
 
"Moons and junes and ferris wheels, the dizzy dancing way you feel
As every fairy tale comes real; I’ve looked at love that way.
But now it’s just another show. you leave ’em laughing when you go
And if you care, don’t let them know, don’t give yourself away.

I’ve looked at love from both sides now,
From give and take, and still somehow
It’s love’s illusions I recall.
I really don’t know love at all."
 
Ainda te apaixonas artista.....
 
suspiro...a capicua (22) está já tão longe...oh tempo volta para trás...
 
Com que então Incunábulo? Pois seja. Andarei por aqui todos os dias como sempre. E espero que desta vez o teu coração não pare. Para que os Monty Python não se deixem de ouvir.
 
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