Fantástica Gramática Automática
Monday, September 29, 2008
  Heródoto, Kapuściński e Almásy
Dado o avançado da hora e outros factores que agora entram em disputa com a minha resolução de escrever sobre viagens e relatos de viagens estive mesmo mesmo para escrever apenas o título e deixar que as ligações fossem feitas pelos consumidores
. Consigo criar uma linha semântica que liga estes três homens
(dois que fazem parte da história e um que faz parte de uma história nas palavras de outro não nomeado)
, mas não consigo descrevê-la. Há algumas horas atrás escrevi vários tópicos que compunham a minha linha semântica, mas encontro agora uma dificuldade atroz em organizar as palavras.
Vários foram os modos que me ocorreram quando comecei a escrever
(e estive mesmo para escrever só o título algo que ainda há-de um dia acontecer não antes de me ter ocorrido escrever um poema mas os )
. Ocorreu-me até, antes do título só, escrever um poema, compor algo com jeito, cagar na rima livre, essas lérias de jogar palavras ao deus dará, e fazer algo como manda o figurino. Mas lembrei-me depois que os poemas precisam de alguns adjectivos e um dos meus propósitos era escrever sem adjectivos
(aqui falava de sobre laszlo de almásy e da sua relação ilícita e das notas nas histórias de heródoto e das paisagens geográficas)
. Nunca tinha tentado antes este exercício, o de escrever sem adjectivos
(ainda que este texto esteja já carregado deles)
: parece-me que a ideia se poderia perder na recepção, que assentaria essencialmente, não só nos estereótipos do consumidor, mas também no estereótipo que o consumidor criaria tentando alcançar o estereótipo do produtor. Mas mesmo com adjectivos é impossível de prever a recepção. O interesse seria apenas a nível de exercício.
A minha outra ideia era opor paisagens geográficas a paisagens humanas, algo que frequentemente acontece com os relatos de viagens
(e neste ponto faria a ligação entre ryszard kapuściński e de novo heródoto. e ligava por fim ryszard kapuściński e laszlo de almásy por ambos admirarem e lerem heródoto)
. Porque o que unia estes três homens eram as viagens e as histórias, escritas ou desenhadas, que traziam delas. O registo era diferente, mas a ideia era semelhante: era ter um estilo diferente para o mesmo conteúdo.
 
Tuesday, September 23, 2008
  A ingenuidade da honestidade
É muito difícil acreditar num crítico
, qualquer que seja o tema sobre o qual ele esteja a escrever, qualquer que seja a plataforma em que escreve. Talvez abra a excepção para o blogue, mas mesmo assim começo a ser céptico sobre uma plataforma já tão contaminada
(como se houvesse um qualquer espaço puro sem referências culturais em que o blogue não fosse remediado nem remediasse)
.
Por críticos, aqui, no contexto desta publicação, entendo sujeitos que escrevem em jornais, revistas – ou os seus congéneres digitais
(não devem ser confundidos com a crítica feita nas academias. ambas válidas e importantes mas com funções negativamente diferentes)
–, como sujeitos que são pagos por uma entidade que estabelece uma política editorial, que muitas vezes é paga pelas editoras
(se for em portugal que é um meio pequeno é provável que ambas as entidades sejam a mesma)
dos livros que estão a... criticar?
Um dos raros espaços que o leitor tem nas livrarias é o top. Nele – em teoria – estão reflectidos os gostos
(ou o sucesso de sucessivas campanhas de marketing)
da maioria dos leitores. É uma espécie de user generated content fora do contexto digital
(o que mostra que só porque ganhou visibilidade com o blogue e outras páginas de conteúdo social da internet)
. Uma das condições para o user generated content ter valor é a sua honestidade, não interessa o que é dito, desde que seja assumido, com todas as contingências e consequências. Quando a confiança é retirada
perde todo o valor. E validade.
Os críticos não são de confiança. Tal como os tops, são manipulados e manipuláveis.
 
Monday, September 22, 2008
  O corpo: versão IV
E é que hoje tive que inventar um novo projecto
(além de procurar casa de procurar trabalho de escrever no blogue e fingir e ler e todas as demais coisa que faço para ocupar o tempo incluindo trabalhar para ganhar dinheiro)
. Terminado então o projecto intelectual que me tem ocupado nos passados três anos não sei que fazer ao tempo, falta-me o estímulo. Já dizia a Helena
(há não sei quanto tempo não tive paciência para lhe correr os arquivos do blogue)
dos e nos Tristes Tópicos que o tempo de qualidade não é fazer aquilo que queremos quando queremos; é fazer aquilo que queremos quando não podemos.
Retomo as pontas soltas do tempo ocupado em lazer e transformado em ofício, iniciado no final do ano que foi desgraça, em dois mil e quatro, e interrompido
(já esqueleto completo e músculos e tendões e outras partes importantes do corpo por germinar e terminar)
e nunca mais tocado
(salvo as últimas férias dolentes em que subia e descia a montanha no sul de frança em dois mil e seis)
desde Dezembro de dois mil e cinco. É a quarta versão.
 
Wednesday, September 17, 2008
  Muito pessoal: gesto de cortesia para três pessoas
Eu disse que escrevia
(não era este o grupo com quem eu imaginava celebrar o final da minha ****. mas não imaginava outras pessoas com quem fosse melhor estar. com a excepção da ******)
, agora já está.
 
Tuesday, September 16, 2008
  História e arte: do museu
Esta história torna ao tempo em que trabalhava no museu. Não que fossem tempos muito interessantes mas tinha tempo. As horas estendiam-se e eu podia pensar
(às vezes pensava sem saber o que pensar. ou concentrava-me e pensava e lembrava-me do que tinha pensado)
, muitas vezes escrevia para não me esquecer. Uma vez escrevi sobre museus e história e arte. E ia assim

O valor histórico não deve ser confundido com o calor artístico, mesmo que haja museus de arte moderna
(vamos utilizar moderna porque eu ainda não me decidi sobre as maravilhas da existência
ou
não do pós-modernismo ou pós-colonialismo e para simplificar o meu argumento)
e museus de arte antiga
(mas a minha dúvida subsiste ainda porque mais do museus de arte moderna e museus de arte antiga existem museus de história)
. A confusão entre o valor histórico e o valor artístico surge quando nos mesmo espaço coexistem objectos que são valorados, mas cujo valor é diferente.
Os objectos do quotidiano
(quer seja de um coevo ou contemporâneo passado ou presente)
não mais valor do que aquele prático que satisfaz uma função imediata. Tornar-se-ão valorados porque categorizam e codificam um certo tempo no fluxo histórico
(não porque são arte ou a eles assiste uma técnica especial ou específica ou um virtuosismo excepcional)
.
O problemas reside em colocar debaixo do mesmo tecto, com o mesmo rótulo objectos com diferentes valores, que o valor histórico não deve ser confundido com valor artístico
(galeria de artes coevas a tempo ou repositório de objectos velhos)
. O tempo e a história contada diluem as fronteiras entre valores, fazendo com que os agregados museológicos confundam tudo
(a história não acabou existe nos museus de arte moderna nos museus de design nos museus de história e nos museus que misturam tudo)
.

.
 
Monday, September 08, 2008
  Peçonha
A preguiça é peçonha que me pega os pés e não me mexo. Depois acabo por escrever paradoxos de cama
(sempre tive curiosidade em escrever tramas de alcova mas sempre estive mais entretido nos lençóis para as poder relatar)
provérbios africanos lidos em livros cuja a impressão é apenas uma prova e versos de canções cujas rimas gostava eu de ter escrito. Há muito que não me interessava por uma metáfora de amor
(a minha amiga italiana diz que me estou a tornar num cínico mas como posso ser eu um cínico se continuo a chorar e a emocionar-me com filmes de sábado à tarde)
.
E se repito que a preguiça é peçonha que me pega os pés e não me mexo é porque nos primeiros oito dias deste nono mês consegui escrever um total de sessenta e quatro palavras em três publicações diferentes, uma das quais me granjeou um comentário que não fui eu quem escreveu
. Isto para dizer porque escrevi apenas tão poucas palavras em tantos dias, porque fazendo a matemática existencial das palavras pensei oito palavras por dia que só mais dias menos dia juntava e publicava. E pronto. Foi a peçonha que me pegou as palavras e os pés.
Há-de isto então regressar em muito breve tempo que há muito que tenho aqui alinhavadas umas linhas sobre arte e história do tempo em que trabalhava no museu. Até tenho mais umas coisas sobre blogues e sobre um leitor digital da sony. Há-de voltar com todas estas linhas já alinhavadas a toada aborrecida e voltam a desaparecer os comentários
(até os meus)
e os consumidores.
 
  A larva
The moth don't care if the flame is real
'cause flame and moth got a sweetheart deal
And nothing fuels a good flirtation
Like need and anger and desperation
(aimee mann)
 
Friday, September 05, 2008
  África Minha
Se tua cara estiver inchada das pancadas da vida, sorri e finge que és uma pessoa gorda. Provérbio Nigeriano
(sorriso)
.
 
Wednesday, September 03, 2008
  Paradoxo Pessoal #1
Fico fodido quando não faço amor.
 
Monday, September 01, 2008
  É um diálogo
(o narrador na primeira pessoa do singular)
A ideia era um diálogo que envolvesse uma diferença de perspectivas. Não encher o texto de parágrafos e parêntesis e seguir a duas vozes que tinham origem em mim mesmo, e se ontem pretendia que assim tivesse sido sobre literatura e ficção, hoje há-de ser sobre blogues que são impressos em livros – ainda que tivesse muita vontade de escrever sobre pós-modernismo sinto que ainda não sei o suficiente para o fazer, mas novidades sobre isto, em forma de diálogo ou não, hão de surgir.
E vai assim.
(o primeiro interveniente na primeira pessoa do singular)
“Há uma nova tendência nos blogues que são muito populares. São impressos e vendidos como livros.”
(o segundo interveniente na primeira pessoa do singular)
“Pois claro, produção gratuita é que não. Alguém tem que ganhar dinheiro com isso. Almoçar, produzir de graça é que não.” (pausa) “Mas tenho a impressão que a maioria desses blogues são relacionados com sexo.”
(o primeiro interveniente na primeira pessoa do singular)
“De início sim, porque era aquilo que vendia mais tendo em conta a popularidade que tinham enquanto blogues. O que me parece ser bem mais interessante é o nome que foram dados a esses objectos. Blooks. Há até uma editora que faz concursos de blooks.”
(o segundo interveniente na primeira pessoa do singular)
“Mas não faria mais sentido fazer um concurso de conteúdos mais do que um concurso e baseado no medium em que o conteúdos é produzido. Repara. Apesar de concordar com 'the medium is the message' de McLuhan, isso refere-se essencialmente às expectativas que se tem em relação ao medium em que vai consumir uma certa produção. Por isso parece-me que não há necessidade de distinguir concursos de livros – que são considerados concursos literários –, concursos de blogues e concursos de blooks.”
(o primeiro interveniente na primeira pessoa do singular)
“Mas estás a pensar apenas pela cabeça do consumidor. O produtor tem também expectativas e condiciona a sua produção tendo em conta o medium para o qual está a produzir. Achas que não faria diferença, se produzidos em media diferentes, quando colocados na mesma plataforma – na possibilidade dessa plataforma ser inócua a toda a produção?”
(o segundo interveniente na primeira pessoa do singular)
“Não sei... Talvez tenhas razão, o medium influencia todos os pólos da comunicação e é influenciado por todos os pólos da comunicação, mesmo aqueles que não nos apercebemos que estão presentes.”
(o primeiro interveniente na primeira pessoa do singular)
“E aquilo que está em causa é uma escala de prestígio. No topo está um concurso de livros – porque estes exigem o reconhecimento de uma editora – e no fundo o concurso de blogues que dependem apenas da produção individual de um sujeito. No meio, os concursos de blooks, que eram produções individuais mas que, por motivos comerciais ou literários ou outros quaisquer foram impressos em livros.”
(o narrador na primeira pessoa do singular)
E foi assim. E fomos todos beber café. Eu narrador na primeira pessoa do singular, Eu primeiro interveniente na primeira pessoa do singular, Eu segundo interveniente na primeira pessoa do singular.
 
fgautomatica@gmail.com | 'é necessário ter o espírito aberto, mas não tão aberto que o cérebro caia'
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