Fantástica Gramática Automática
Monday, July 30, 2007
  Adeus à cidade
 
Friday, July 27, 2007
  Pacífico Sul e Norte Norte
Your Maori just doesn’t want to work, they said. And they’re not really full-blooded. The half-castes, the quarter-castes – they’re the troublemakers, escreveu Paul Theroux em 1992. Utilizei esta citação para desenvolver temas como a subjectividade ou o estereótipo
(ultimamente tenho andado a embicar muito com a subjectividade e a contingência,
como quando há uns meses atrás andava a embicar com Platão)
. Deixando a subjectividade de lado, ficamos com o estereótipo, que é uma falsa representação de uma dada realidade.
Na empresa de mudanças em que trabalhei, os maori eram aquelas pessoas com quem não querias trabalhar. Carregavam pesos como ninguém e corriam, corriam sempre. Passavam-te duas caixas de livros e nem sabias se tinhas pernas ou braços para aguentar. Mas no fim, eram as pessoas mais honestas, escrevi eu em 2007, propositadamente para este texto e baseado na minha experiência
(tal como Paul Theroux na dele.)
Ambos temos experiências que são diferentes. É tudo muito subjectivo. Fim.
(Mas se retirarmos a discussão da esfera pessoal e subjectiva e a pusermos no plano contingente, uma função quadrática
ou mais ainda
com tantas variáveis, pensamos de diferente forma. Saímos do plano subjectivo e podemos pensar que, tal como todas as outras pessoas, há aqueles que são preguiçosos, aqueles que são trabalhadores e por aí adiante.)
Talvez agora seja o fim.
(E podemos substituir a palavra maori por umas quantas outras, que o efeito é o mesmo. Exceptuando os exemplos, claro.)
FIM
 
Wednesday, July 25, 2007
  Amiguinhos
You call me up in the mornings
We’ll stay on the phone until dawning
You tell me secrets I actually keep
You call me up around noon and
Bring me all the good gossip
You hold my head when I throw up
I hold your hand when you weep
And we talk about friends and we talk about records, talk about life and
we’ll talk about death, and we dance in the living room, dance on the
sidewalks, dance in the movies, dance at the festivals, dance, dance
No men ever really dance like this
Damn! I wish I was a lesbian
Damn! I wish I was a lesbian
Damn! I wish I was, and that you were, too
So I could fall in love with you
You call me up in the evenings
And tell me what they did this time
No matter what, I’m by your side
When it’s raining, we’ll go to the video store
We even like the same movies
No damn jedis or hobbits this time
And you laugh at my jokes and I laugh at your jokes and I even like the
birthday presents you get me,
and we dance in the living room, dance on the sidewalks, dance in the
movies, dance at the festivals, let’s dance, dance.
No men ever really dance like this
Why don’t, why don’t I fall
Why don’t I just fall in love with you
Annika
 
Monday, July 23, 2007
  Dores de parto
(Estava a organizar umas notas de umas conferências a que assisti, no dia dezassete de Novembro do ano passado. Sobre biografia. Eu já pensava – hoje – mimésis, contingência, multiplicidade, daguerreótipos, manipulação, W. Benjamin, A. Bazin, educação sentimental, quando encontrei, rabiscado num canto de uma folha)
Rebentaram as águas da minha prenhez intelectual.
(E… Ai!, caraças que está tudo estragado! E é preciso muito para colocar um ponto de exclamação; é daqueles sinais que, ao contrário do ponto e vírgula, eu detesto)
.
 
Saturday, July 21, 2007
  Comportamento social
Ainda sobre a minha identidade
(sempre fui melhor conversador do que dançarino; o que não faz de mim um bom conversador, mas um péssimo dançarino)
.
 
Friday, July 20, 2007
  Os olhos dos outros
Nunca gostei de ser reconhecido, tudo para ser visível. Saí da terra para ir para uma maior onde o maior prazer era ouvir o bom dia do merceeiro
(que um dia morreu de ataque cardíaco deixando a merceeira que era detestável a tomar conta da mercearia
e no dia em que a mercearia não abriu nós quisemos que tivesse sido ela, é feio, mas ele era mesmo simpático e um dia ofereceu-me uma sombrinha da Regina apesar de já ter vinte e três anos
mas não interessa porque sempre gostei das sombrinhas da Regina)
, nem que fosse às quatro da manhã quando estava do táxi
(na terra eram carros de praça)
para ir para o aeroporto. Nesse dia foi um pêro para aconchegar o estômago.
Mas ainda na terra, queixava-me de como as pessoas sabiam a nossa vida, de como éramos tão visíveis. E aquilo que eu mais queria ser era anónimo
(e o paradoxo residia nas formas que eu encontrava em, querendo ser absolutamente invisível, me tornava cada vez óbvio)
. Nunca fui. Porque quanto mais mudava, de roupa, de cabelo, de futuro, de vida, mais notado me tornava
(porque fazia por isso
à escala de um universo minúsculo, de não mais de quinze pessoas, aquelas cujas nossas decisões influenciam.)
E depois da casa dos meus pais, dos anos da universidade e do merceeiro que morreu, acabei como bibliotecário. De um dia para o outro
(livros que arte, cotas de acordo com a DDC e muito pouco sobre literatura
uma poética de vez em quando, mas nunca vi o Platão)
, sem menos esperar a russa simpática abeira-se das nossas secretárias e diz,
- Eu bem me parecia que eras tu a subir a rua passo rápido e pensei, aquele é mesmo parecido com o Miguel mas esta cidade é tão grande que não pode ser ele mas decorei a cor das calças para depois vir confirmar porque também trazias os óculos escuros e afinal eras tu foi bom ver alguém conhecido.
(e justamente na altura em que mais me custava ser anónimo fui reconhecido, por umas calças cinzentas e uns óculos de cinco libras. E soube-me bem, mais do que quando usava calças vermelhas verdes e amarelas.)
 
Monday, July 16, 2007
  Somatório
Ultimamente ando a escrever imenso sobre identidade. O que me faz pensar sobre a minha.
Tive que escrever uma ou duas
(ou não sei quantas porque isso nunca foi coisa que me interessasse
ou
interessou até ao momento em que tive que fazer uma.)
biografias sumárias. Foi nessa altura que me perdi. Tenho andado tão perdido ultimamente. Mas isso só tem servido os meus propósitos de observação
(hoje num caminho que conheço o nome já reconheço as estradas, perdi-me
em vez de estar numa junção de comboios estava num centro comunitário, com relva e pensava como é que tinha ido ali parar se nem sequer conhecia aquela estrada, nem os prédios que a circundavam)
. Que somatório é que eu sou?
(O da poesia falhada e escondida numa pasta do computador? ou
o dos blogues? ou
o do romance inacabado? ou
o das viagens? ou
o dos falhanços académicos? ou
outro qualquer que não encontro.)
Um igual a todos os outros; o meu somatório é um conjunto de somatórios divididos em etiquetas individuais que por birra optei por não colocar no meu blogue.
 
Friday, July 13, 2007
  Encurtar a distância através de uma mulher
Entre 1951 e 2002 há dois homens que gritam pela mesma mulher. Marlon Brando e Paul Banks,
“STELLA!!”
 
Tuesday, July 10, 2007
  Quando escrevemos leve a esconder pesado
Às vezes, quando me decido a seguir links acabo por chegar a lugares estranhos
(ou
lugares que para mim são estranhos, restos de vidas, retalhos que me são oferecidos. Sempre rápido a julgar, digo isto, penso aquilo, desenho o boneco e tenho uma pessoa perto de mim, sentada na cadeira ao lado da minha secretária
(- Olá
- Olá, e então?
- Já sei como és
- Não, nunca vais saber
- Mas tenho-te aqui
- O que tens é aquilo que construíste, mas não sou eu. É um espelho espectral. Sou isso)
E isto só pelas palavras que utiliza, pelos livros que lê
ou não
, pela música que ouve
ou não
. Até pelos seus interesses isolados.)
É fácil encontrar o mau e dizê-lo, é mais fácil do que procurar o bom e agarrarmo-nos a ele. Aos blogues são muitas vezes atribuídas a puerilidade e futilidade como características. E também um registo muito diarístico
(porque está datado, parece-me a mim e já agora organizado cronologicamente.)
. Ambas as características fazem implicações veladas de que o conteúdo dos blogues nunca se poderá comparar ao conteúdos dos livros. Mas se a escrita pueril, leve e fútil for um espelho espectral do peso da vida de cada um, estaremos a cometer o mesmo erro que eu cometi quando depressa percebi a pessoa que tinha ao meu lado, sentada na cadeira da roupa, aqui ao meu lado
(toda a escrita é pesada e forte e pujante porque se centra em cada um, em cada individuo só; e mesmo que não seja sobre o EU, é a impressão digital ou a marca de água do produtor que fica. E aquilo que é leve para o consumidor é pesado para o produtor, porque saiu de si, porque é seu, parte integrante do corpo.)
Quando comecei a escrever o meu segundo blogue
(ainda sem ideias de um dia escrever uma tese a defender a literatura dos blogues)
escrevia longos parágrafos e textos porque só assim podia ser considerado literatura. Isso nascia da minha pretensão. Porque só longo podia ser literatura.
Depois escrevi no topo do meu blogue que era o “blogue literário de miguel f ceia”. Para tirar. Porque não sou eu quem decide o que é ou não literatura
(independentemente de ainda ter tiques de textos longos)
.
No fundo estamos a falar da insustentável leveza do ser.
 
Thursday, July 05, 2007
  O caranguejo
De entre as suas muitas habilidades, Chuang-tzu era um excelente ilustrador. Sabendo disto o rei pediu-lhe que lhe desenhasse um caranguejo.
Chuang-tzu respondeu que precisava de cinco anos, uma casa de campo e doze criados. Cinco anos passados o desenho ainda não estava terminado,
“Preciso de mais cinco anos.”
No final dos dez anos, Chaung-tzu pegou no pincel, e de uma só pincelada, desenhou o caranguejo mais perfeito alguma vez desenhado.

CALVINO, Italo (1996). Six Memos for the Next Millennium. London: Vintage.
Tradução minha.
 
  O sonho da Lídia
Nem imaginas com quem dormi esta noite

E estava mas foi um sonho Esta noite forniquei com o David Bowie

Foi óptimo Ele era assim um pouco mais novo nem imaginas deixou-me a sentir mesmo bem Estava a falar com os meus irmãos e eu cheguei e ele começou logo a tocar-me a ficar muito físico Eu disse-lhe Tem calma que estão aqui os meus irmãos Então ele levou-me para um quarto e foi fantástico Nem imaginas a sensação

Sério Com o Mick Jagger e o Iggy Pop Por isso é que ele é tão bom

Acho que me vou tentar não esquecer desta sensação O dia assim vai ser muito melhor David Bowie
 
Tuesday, July 03, 2007
  Memória fragmentária
Sempre me tento ir lembrando de frases
pessoas
detalhes memoráveis de filmes só para mim. E depois não os encontro. Perdem-se confundem-se, como uma gravação em pistas infinitas. Lembrei-me por causa de uma miúda de dezanove anos que anda a foder com um fulano de cinquenta
(Eu nunca gostei dele queria o dinheiro e por isso chupei todas as pichas
caralhos
em São Fernando e todas me souberam bem Mas agora que ele está a morrer que já não há esperança e que a doença se pega aos lençóis às almofadas o cheiro em casa é insuportável E agora que ele está a morrer e agora que eu o não posso ter e que o amo mais do que nunca ele vai morrer e cada dia que passa E imaginar que fiz tudo aquilo e que o desejei morto uma mais do que uma vez e agora quero-o tanto, quero-o vivo, não o quero morto Amo-o tanto
O outro diz qualquer coisa
Cala-te
Cala-te
Cala-te
todas as vezes que for necessário CALA-TE)
.
Seria sempre mais fácil imaginar esta relação como a Lolita. Mas não é. Há-de um dia ser assim. Desde que ela não acabe numa ambulância que capotou
Lo de manhã
Lola à tarde
Lolita à noite
L o
L o l a
L o l i t a
o nome escorregava pela língua dele
(mas não era uma Lolita nem um Humbert)
mas a relação era parecida e acabou assim,
Eu nunca gostei dele queria o dinheiro e por isso chupei todas as pichas
caralhos
em Londres Fulham Chelsea Bosque de São João e todas me souberam bem Mas agora que ele está a morrer que já não há esperança e que a doença se pega aos lençóis às almofadas o cheiro em casa é insuportável E os filhos e ex-mulher parecem abutres a esvoaçar e quero-os longe longe RUA E agora que ele está a morrer e agora que eu o não posso ter e que o amo mais do que nunca ele vai morrer e cada dia que passa E imaginar que fiz tudo aquilo e que o desejei morto uma mais do que uma vez e agora quero-o tanto, quero-o vivo, não o quero morto Amo-o tanto.
 
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