Fantástica Gramática Automática
Sunday, June 18, 2006
  Osmose
Começou por ser a passada igual. Os passos. Os pés, as pernas. A música que eu ouvia no meio da rua: Solex, Snappy & Cocky. O ritmo dos nossos passos o mesmo, o comprimento de pernas igual. Era alta, estava calor e tinha o cabelo curto.
Soprou o vento o todo o corpo abanou. Distamos dez metros e eu vejo-a ao som da minha música. Parou para apertar um sapato e quando termina caminhamos lado a lado. Eu com a música, ela a dança-la. Passa dos meus ouvidos para o corpo dela através de uma corrente qualquer que nos liga, a altura, o cabelo curto, as pernas do mesmo tamanho, a passada igual e ritmada. O som da música. Vamos lado a lado e não nos atrevemos a olhar um para o outro.
Eu quieto, hirto, envergonhado, tenso. Ela bamboleia o corpo; não só a passada, os pés e as pernas, mas as ancas e o rabo dançam, movem-se e provocam. Estala os dedos e diverte-se.
Chegamos ao fim do quarteirão e paramos no semáforo. Está verde para peões. Fica vermelho e continuamos parados. Eu quieto e ela a dançar à minha música. Ficou verde e vermelho e verde. Passaram carros e carros. Camiões e carrinhas. E quando ficou o último verde que vimos juntos, arrancámos cada um para seu lado, como se a cor significasse uma partida de uma corrida. Fomo-nos afastando e desligando. Excepto a imagem da rapariga que tinha o cabelo curto, as pernas compridas e o passada do tamanho da minha.

Chamei-lhe Elisabeth por causa da música. E nunca existiu a não ser dentro da minha cabeça, na construção de uma pequena história/crónica/post que foi imaginado na saída do Metro de Saldanha, que demorou vinte minutos a escrever e tem quase trezentas palavras.
 
Comments:
Ainda me falas tu de hormonas... Bah.
 
ahahahah desculpa mas isto tem piada. tens um tipo de humor que não é humor, mas que é fantástico. gostei.
 
E mais uma vez o milagre aconteceu; a criação, queria eu dizer. É bom estar-se vivo assim. Nunca se está só, temos tantos dentro de nós!... Um abraço
R
 
... é por essas e por outras que os semáforos só deviam ter ter luz vermelha para os peões. Quem sabe se assim, as Elisabeths deste mundo continuassem a dançar ao som da nossa música eternamente...

... bom; acho que seria pedir demais.
 
...também eu costuno aproveitar a música como banda sonora de um 100 número de situações imaginadas...
 
As bandas sonoras , e as personagens, quem têm o tempo, a duração, e o comprimento de pernas certo...
 
Onde é que podemos ler a história completa?
 
Hum.. pois... o meu problema é andar sempre a correr em Lisboa.... nunca tenho tempo para ver ninguém a dançar... e no metro ... quando sobram os tais minutos para as fantasias... apertões, entalões

(sonho, sim, com uma ventania que os tira dali e os manda para a carruagem seguinte!!!!)

Gostei!
 
.
por momentos pensei em sylvia.
.
her beauty was her only crime
.
mas depois lembrei-me que ela agora vive no campo.
.
 
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