Últimas vezes
O que é que eu fiz o meu tempo. Quantas vezes é que ele se multiplicou em tanto e se dividiu em tão pouco?
Dividimos o tempo de uma forma e já não podemos voltar a trás. E o que fizemos com o tempo? Quantas vezes o quê? As últimas vezes de cada uma. E quantas foram no total,
Quantos dias? E cidades? E quilómetros? Quantos transportes? E túneis? E bilhetes picados? E transbordos? E atrasos?
Quantos telefonemas aos pais? E às irmãs? E postais enviados? Quantas mensagens para os amigos?
Quantos álbuns? E livros? E jornais? E filmes? E museus? E exposições? Quantos caracteres, sílabas, palavras, frases, linhas, parágrafos, capítulos?
Quantos cigarros e garrafas de vinho? Quantos doces turcos à beira do Isère?
Quantas vezes fui à lavandaria? E à Fnac? Quantas vezes discutimos? E cozinhei? E aspirei a casa? Quantas coisas esquecidas? E lembradas? E manhãs na cama? E amor que fizemos?
E quantos quantos? Tantos. Mas quantos?