Tratado falhado – o futebol
Há um ano atrás estava de cama e escrevia sobre o dia de santos e um dia cinzento. Repete-se a história e o vento que enlouquece pessoas no filme apareceu e a minha avó e as velhas foram limpar a campa da minha bisavó. As outras velhas não sei, mas a minha avó foi. Mais a outra avó que foi por flores na campa da mãe que a tratou mal a vida toda. Gosto do cemitério de São João e de Benfica para estes dias, mas hoje não os quero, afasto-os e sento-me, parado, com os olhos no céu cinzento, nos meios da vida e das pessoas.
Hoje é um dia cinzento e eu até me sentia colorido. O Rossio era verde e tresandava a cerveja. E não estava dessa cor, não interessavam os interesses clubísticos, mas o dia. Acho que me sentia bem, estava tempo ameno, não chovia e tudo correu bem a todos.
E no Dia de Santos não se discute religião.
Discute-se futebol e todos ganham.
Falhei nos tratados anteriores. Não sei o que se passou com a criatividade ou as ideias, ou a falta de capacidade para as discutir. Não sei argumentar, seria um péssimo grego. Por várias razões e podemos voltar a buscar o tópico do futebol e as razões pelas quais eu não daria um bom grego. Não tem a ver com retórica
apesar de eu não saber argumentar
tem a ver com o Benfica. E não é o cemitério.
O tratado falhado que também diz respeito ao futebol codifica a minha vontade
e agora já não codifica porque eu a torno explícita
de não voltar a escrever qualquer tratado que seja sobre criatividade e ideias. Porque não sou capaz. O tratado falhado é um protocolo de escrita
sobretudo sobre a literariedade daquilo que escrevo
e não literalidade.
É só.