Moral do a deus
[Prólogo]
Não lhe mudei o título e falo em mudar o título porque o que está escrito
(abaixo acima nunca sei como é que se diz quando se lê num ecrã como para os blogues)
já tem um ano quando eu pensava que era possível para um escritor
(pretensioso)
escrever para um jornal. Mais ainda o da sua terra. Enviei este trabalho que nunca chegou a ser publicado em versão impressa
(porque além de ser vestir desgraçadamente mal, o dono e editor do jornal é um paneleiro que não tem tomates para
afrontar
enfrentar
ninguém)
por várias razões e sai agora em versão digital.
[Texto com actualizações mas em que o busílis da questão permanece]
Falava com deus
(a consciência o pensamento
e estas duas palavras o resultado de uma mente analítica agnóstica.)
Nada metafísico, prendas de natal e brinquedos
(nunca a bolacha branca missal)
sem nunca compreender a sua existência como algo dentro do mim, um enorme diálogo com a minha consciência inconsequente. Do resultado das conversas
(comigo eu deus)
não conseguia perceber a sua existência, mas não fui a ponto de o fazer um deus Job. Era tácito. Mas nunca foi posta em causa a sua existência.
(- Ainda acredito
Dúvida
- Ainda acredito
Dúvida
- Ainda acredito
Dúvida
Ainda acredito, sinto o esforço que faço e quando contraio os músculos sinto-o a existir à minha volta, a regular o universo cósmico a ser o ponto de equilíbrio gravítico e anti
sem este palavreado.)
Fui à catequese por osmose um grupo de crianças de seis anos que também ia
(com a contínua que canta o fado e acha que canta bem e quem a conhece sabe tão bem de quem falo
- Pezinhos limpos, sem empurrar
e o toque da campainha para a saída ou intervalo.)
Jesus gosta de silêncio no seu lar
(o das freiras
“Vivem todos juntos?” – um homem tantas mulheres – tentação.)
Não fui à catequese
(um bilhete para os meus pais, demasiado barulho na casa de deus
ou Jesus
e eu gostava daquilo, era divertido “Divertido de mais!”
A religião é uma coisa séria.)
Aulas de moral dadas na sala de aula
(beato ordinário a ler o breviário no carro com o autocolante a dizer “Deus é o Senhor” o chapéu de coco e às vezes a charrete)
porque deus me ajudava
(ou Jesus)
e numa tarde, em vinte minutos dei três beijos na boca a três raparigas diferentes. Sem língua porque nessa altura a língua serve só para os gelados
(de gelo da Olá aromatizados a limão ou laranja.)
Bateu-nos em nome de Jesus e deus e já não sei qual deles era e de que testamento e de que livro ou versículo e deixei de acreditar. Às vezes tenho pena de não acreditar mas as pessoas reprimidas são sempre tão más que temos tendência para as não ter ao perto. É mais evitar carolos e porrada que aprender coisas interessantes. Gosto de Jesus e deus pelas histórias – ainda que machistas e facciosas – mas duvido sempre
(Obrigado Brecht.)
Não acredito no transcendente. E às vezes nem nas pessoas.