Alimentação da alma e espírito
Há uma anedota de canibais que envolve maçãs do rosto(uma alimentação equilibrada e com muitos vegetais
porque tinha um seguimento brejeiro e metia arbustos à mistura que simbo
não interessa, nem tudo necessita ser explicado)
e uma refeição feita do corpo de uma pessoa. Mas lembrei-me desta anedota quando descobri que gosto de maçãs do rosto salientes. Acho as mulheres mais bonitas
(mas nunca teria conscientemente reparado neste pormenor se me não tivessem dito que tinham uma fascinação
pulsão
cathexis
por mulheres de narizes compridos e assim reparei nas maçãs do rosto.)
Era uma mulher que estava a acender um cigarro num bar barulhento entre o rio e o elevador da Bica
(da casa da Maria)
e a mulher que acendeu o cigarro tinha umas maçãs do rosto tão grandes que podiam ser maçãs verdadeiras, verdes ainda porque ela era nova
(e viçosa mas não sei mesmo se era verde como as maçãs que eu imaginava no rosto. Hoje o Cesário é um poeta forte em mim, mas não me sinto angustiado. Sinto-o ao meu lado como um fantasma, mas que não me oprime, que me liberta
porque quanto mais dele me aproximo
mais dele me afasto.)
mas não sei se era bonita, porque só as maçãs me fascinavam. E o cigarro que acendeu com fósforos e o apagou com um movimento de antebraço seco. Fui buscar todas as fotografias que tinha tuas e fui confirmar as tuas maçãs
(foi encontrar naquele pomar um manancial de sensações
os teus sinais
os teus poros
o cheiro das tuas maçãs
a seiva que corre dentro de ti depois do
.)
E aquilo que me tinham confidenciado sobre narizes eu transformei em maçãs para mim
(e naturalmente me lembrei de uma anedota de canibais que comiam maçãs do rosto e arbustos que simbol
não interessa porque é melhor a sugestão que a explicação e quem não compreendeu da primeira vez não vai compreender agora só porque acrescentei mais uma letra à palavra que deixei a meio)
não porque achei uma imagem poética bonita mas porque realmente gosto de maçãs do rosto salientes.