O revolucionário em mim O reaccionário em mim O contra-reaccionário em mim

Um ou dois dias depois do massacre em Virgínia os jornais londrinos mostravam fotografias de Cho Seung-Hui e da produção sul-coreana
Oldboy. Tentavam, uma vez mais, mostrar o paralelismo entre aquilo que lemos/vemos/ouvimos e as nossas acções, o que não é totalmente descabido, embora neste caso, e da forma que é feito, o seja.
Mais do que influenciar comportamentos negativos
(e por negativos entenda-se, que impliquem a morte de mais do que nenhuma pessoa)
a arte tem para mim uma função pedagógica
(a função pedagógica é uma das muitas que a arte tem)
, nem que seja a de nos fazer pensar. Ora, se não conseguirmos reflectir sobre os objectos artísticos que consumimos, poderemos ser induzidos num sofisma. Naturalmente, é necessário educar para a arte
(não dizer quem é canónico ou não, mas sim ensinar a reflectir, o resto vem por acréscimo.)
Creio que no meio deste arrulhar de jornais londrinos houve espaço para muito ruído, muitos comentários, muito pouca inteligência, muita solidariedade
(coisa que os ingleses às vezes são capazes)
e muito racismo. Apontaram a ascendência de Cho Seung-Hui e no filme cuja produção é igualmente sul-coreana. Isto de acordo com imagens de vídeo que foram enviadas para a NBC, pelo próprio, antes de tudo começar. Dariam tanta importância se fosse um preto? E um árabe? E então?
Lembrei-me do filme
Bowling For Columbine e da entrevista que Michael Moore faz ao Marilyn Manson acerca da sua música. Não sou propriamente adepto do estilo panfletário e da música, respectivamente, mas acho que fazem um bom par, pelo menos, naqueles três minutos e pouco demonstram alguma lucidez.
(Este foi, provavelmente, o meu primeiro post multimedial, em que usei mais do que dois tipos de texto em simultâneo.)