Hope is the thing with feathers
Porque um dia fui passear para a Tate Modern e encontrei um livro que entretanto já li
(hoje regresso a um tema que me tem acompanhado desde a terceira págima embora umas páginas mais à frente é que se encontramos aquilo de que quero falar. a literatura funciona como alívio para o peso de viver era uma das suas funções)
e citei. Mais tarde tive que escrever sobre a leveza para um trabalho criativo, queria tanto poder desenvolver a leveza nesse sentido, mas sentia-me tão agastado que apesar de ter utilizado quase duzentas palavras, apenas dezasseis se aproveitaram
(este é um dos meus mais pesados partos. apesar de depois de nascido se tornar leve)
. Quer então dizer que de tudo o que escrevi apenas se aproveitou quase nada mais que oito por cento.
Queria dizer
(a esperança são as asas que roçam a alma um assobio de melodia melopiática que rasga a ausência de barulho não o silêncio. ouve-se na tempestade mais brutal grossa grosseira na mais amarga. ouviu-se no gelo siberiano e patagónico norte e sul no misterioso mar e hoje em sono ouvi o seu cantar)
que escrever é tão doloroso, tão arrancado do interior de mim, que apenas quando as palavras estão cá fora tomam essa forma de leveza. Mas até lá rasgaram-me as vísceras e flagelaram-me o corpo.