Isto devia andar tudo ligado
Devia estar a escrever em inglês
(porque o conceito-chave ao redor do qual escrevo é inglês e é algo que não tem tradução para o português)
. Mas há a tentativa de remediar a língua, expandir as palavras para que aquilo que se escreve faça sentido. Às vezes tem que ser assim, têm que se desdobrar as palavras que têm muitos significados
para que nos consigamos aproximar daquilo que queremos: é sempre um mais próximo possível e nunca o ponto exacto. Às vezes, com infinitas palavras, não se consegue o efeito de uma palavra só.
Retiramos de trabalhos criativos
(arte)
conceitos que nos ajudam a teorizar sobre esses mesmos trabalhos e sobre os seus sucessores. No entanto, há uma enorme relutância em aceitar as ideias nas novas produções
porque as não há. Anualmente, autores
(serão eles mesmo produtores do seu produto ou apenas um nome ou uma cara para os vender)
editam, publicam uma nova obra
(mas que obra é esta que ideias novas traz onde é que se encontra a ideia que nos faz pensar e que não nos entretém apenas)
. Aquilo que era a inscrição de uma ideia, uma manifesto do viver, transformou-se no passatempo de outrém.
A poesia, o romance, a escultura como veículo de ideias filosóficas rareiam tibetanamente. Mesmo a música que estava intimamente ligada às ideias que veículava
, foi segmentada, separada. Há uma demissão intelectual e conceptual daquilo que se produz. A música devia estar intimamente ligada à palavra cantada – quando a há – e vice-versa, uma não deveria poder existir sem a outra.
As ideias em qualquer produção artística deviam estar intimamente ligadas à conduta do seu produtor
(por isso o autor não morreu e quando não sabemos muito bem o que fazer com tanta produção secundária recorremos ao autor para explicar)
mas o o tempo dos poetas-filósofos, dos romancistas-filósofos, ensaístas-filósofos, músicos-filósofos terminou
(e palavra sobre a qual todo este texto assenta é bounded)
.