Fazer amor
Não há nada mais bonito que uma mulher de cuecas brancas
pronta a fazer amor. Especialmente pronta a perder a virgindade e estiver de cuecas brancas
(e não precisa de ter os seios soltos)
. Lembro-me disto quando vejo oferecer-se uma rapariga que já me parece ser mulher a um outro personagem do filme que estou a ver
. Ele diz “não”, é imoral
(a carne chama-o e sabendo que estava renunciar a toda uma convenção e toda suas suas regras podia fazer amor com ela porque já não pertence à essa convenção)
, que não pode fazer amor com ela porque não só é imoral como também é ilegal. Apesar de ter queimado dinheiro, de ter abandonado o carro de ter renunciado a uma vida social comum, há regras que ainda respeita.
Para mim isto não é incoerente. É real. Porque tal como para mim não nada mais bonito que uma mulher de cuecas brancas a querer fazer amor
(e essa associação está directamente ligada ao meu passado simbólico)
também esse personagem não se conseguia desligar dos valores de uma sociedade à qual tinha pertencido a maior parte da sua vida. Podemos rasurar pedaços da vida, podemos até rasurar a nossa libido, mas não podemos rasurar aquilo de que somos construídos
(valores sociais religiosos culturais emocionais e tantos outros que não sei)
.
E ela estava pronta de cuecas brancas e tudo disposta a sangrá-las.