negativo/positivo: O corpo
(devia voltar a escrever. deixar de lado a escrita académica)
a constante justificação explícita de cada afirmação
(e o blogue)
, a escrita aforismática em modo de diário intelectual
. Ainda que ao certo nunca soubesse muito bem o que fazer, sempre fui fazendo e quando descobri o que gostava de fazer, pelo menos, comecei por experimentar. Como no blogue, estendem-se as fronteiras porque se as experimentam e chega-se a um qualquer lugar, nem que seja à caixa de comentários como extensão repartida do texto
(as tentativas de poesia depressa saltei por cima do conto e cheguei ao romance. em outubro de dois mil e quatro dei início ao meu primeiro romance)
. Comecei sem plano, mas tal como quando se constrói uma casa, quando se chega ao fim é que se compreende um conjunto de procedimentos que deviam ter sido feitos antes
. Lembro-me de pensar em que os livros que lia havia sempre algo que não era bom, que não acontecia de modo perfeito, e eu queria que o meu enredo fosse perfeito ainda que a minha perfeição fosse um conceito pequeno-burguês da mentalidade de uma criança de nove anos
. Mas com os anos vim a descobrir que a imperfeição, tal com a fealdade ou o inferno de dante, são bem mais interessantes que a perfeição, que o belo ou que o paraíso e o purgatório juntos
(anos mais tarde)
. Até ao dia em que, quatro anos mais tarde, li numa revista que uma rapariga de doze anos tinha escrito um livro e eu já tinha treze e nada tinha feito, mais do que me masturbar a pensar na professora de inglês e nas colegas mamalhudas. Criativamente era um falhanço, sexualmente era um solitário
(coroei a minha inépcia com a minha inércia)
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