EQUILÍBRIO DESEQUILÍBRIO EQUILÍBRIO
Com um pé aqui e outro ali não sei como me sustenho. Até a respiração fica ao alto, pulmões escancarados e cheios sem mais espaço. O pé aqui e o outro ali são o meio caminho que já comecei a fazer de volta. A minha corda é o Atlântico.
Na corda do equilíbrio abstracto há gradações
(podemos ser mais maus mais bons mais cristo mais anti-cristo mais força mais contra-força)
, mas na corda de aço entrançado ou se equilibra o o trapezista ou cai
(na rede
ou não se a não houver)
.
A cada força há uma contra-força que equilibra
. Apesar de tudo, nós, culturalmente cristãos e ocidentais, valorizamos mais o bem do que o mal
(o que não nos impede de praticar mais o mal do que o bem privilegiando de modo perverso o equilíbrio cósmico)
. Essa valorização faz com que na nossa linguagem o bem seja o equilíbrio, mas os nossos actos vão num sentido diferente
(metafísica e física alma e corpo)
, ainda que o não notemos. O nosso equilíbrio não passa de uma ilusão. O bem necessita do mal para se definir
e vice-versa.
A existência equilibrada oscila entre a força e a contra-força em que ambas se dialectam
(eternamente lutando com o seu precursor forte mas sim com o seu par igual)
.