Li, há uns dias atrás, no
vendedor de livros, que estão a pensar categorizar os livros por idades
(como nos filmes e alguns álbuns de música que trazem o aviso aos paizinhos)
. A protecção é, sem dúvida, um modo de censura. Não interessa as razões pelas quais acontece
(não me interessa ficar preso nos juízos de valor)
, mas tal como a educação, qualquer limitação é retirar poder de escolha ao consumidor ou utilizador. Pior é quando a censura vem de dentro, a auto-censura. Mas será que esta forma de taxonomia resulta mesmo? É assim tudo tão taxativo? A razão pela qual a J.K. Rowling foi utilizada como porta-estandarte nesta propaganda resulta, justamente, da abrangência etária das suas obras
(o que por si só demonstra que a taxonomia tal como qualquer definição ou fronteira é um positivismo técnico-científico que não pode ser aplicado à literatura)
e, naturalmente, do facto celebridade que a envolve.
Contudo, aquilo que aplicamos à literatura é igualmente verdadeiro para a música e para o cinema
que há muitos mais anos que estão sujeitos a esta prática. Considero que a música e a literatura, por serem media frios, não necessitam de tanta atenção quanto o cinema, que é muito mais visual.
Considerando que a tendência é o afastamento do abstracto e o aproximação do representativo, deixem lá a literatura sossegada.