A minha não dicção ou O meu inferno dantesco: a ignorância
Nunca tomei tanto tempo a ler uma obra como “A Divina Comédia”
(nem mesmo a república me tinha levado tanto tempo e dificuldade de compreensão como os três meses que demorei a atravessar inferno purgatório e paraíso)
. Mas não é o tempo que mais me intriga
(mesmo sabendo que não lerei todos os livros que quero nem ouvirei toda a música que quero)
: não me assistiu a mesma compreensão que noutras circunstâncias tive. Entendo a narrativa e algumas das camadas mais superficiais do poema, mas fico sempre com a impressão que não é suficiente, que há uma camada iluminada mais profunda que não consigo compreender.
Essa ausência de compreensão confronta-me com a minha ignorância uma vez mais. Se em alguns momentos
(noutras obras)
compreendo as subcamadas, o pensamento filosófico, “A Divina Comédia” parece escapar-me. Mesmo considerando o tempo histórico passado
(passado e presente)
.