Da língua e do pensamento e da identidade
Nunca sei
(quando
ou)
se hei-de começar a escrever em inglês. Ou se devo manter a escrita em português. Quero uma maior comunidade que me valide
(uma comunidade que seja transversal a uma língua franca que seja necessária ao mundo de appadurai)
e que tenha acesso à minha produção. Existe mesmo ao lado
(mais do que qualquer resquício ou onanismo nacionalista)
,o medo residual de começar a perder o pé e a mão e pensamento na minha própria língua
(que tantos quanto anos demorou a manobrar e manejar apropriadamente)
. Assusta-me um dia saber falar e escrever uma língua tão bem e não senti-la sequer como minha e a minha perdê-la
(às custas de uma que não é minha)
lentamente sem me dar conta e um dia já não saber sequer pensar.
Amedronta-me a morte e de morte. Quero repartir, segmentar o meu cérebro em dois
(porque não sendo exilado não estou em casa
sendo casa um lugar que agora é apenas dentro de mim e só mim que no exterior do corpo não sei localizar)
e ser uma pessoa e a mesma em cada língua. Ser contingente ao pensamento de cada língua.
Sou duas pessoas e meia, não querendo muito à meia, gosto da duas completas
(uma portuguesa uma inglesa e meia castelhana)
, dividindo-me ainda mais na minha consanguinidade global. E na impossibilidade da definição, até da própria definição, de identidade, não sei quem sou agora.