Livros, livrarias e programas de televisão: escalas
É incomparável o número de leitores
(consumidores de livros)
que há em Portugal e que que há no Reino Unido
. Não é de espantar então, que um programa como o Richard and Judy Books
(um programa no channel 4 em que livros eram recomendados)
, tenha lugar na televisão e que, ao longo de cinco anos, tenha feito vender vinte e seis milhões de cópias e gerado lucros para as livrarias na ordem dos cento e cinquenta e oito milhões de libras. Acabam as vacas gordas quando o Channel 4 anuncia o fim do programada
(vacas gordas para as editoras e para alguns autores aqui nem sequer se aplica produtores)
, que vai passar para um canal de cabo que ninguém vê, ou a que muito poucos têm acesso. Contudo, o que conta agora é o autocolante na capa do livro que diz Richard and Judy Books, não o programa de televisão
(há no meu local de trabalho um estante unicamente dedicada a estas recomendações e pela quantidade de vezes que tenho que repor vende bastante bem)
, e por isso, talvez, ainda haja mais vacas gordas para vir.
Observando os títulos e os autores
(uma vez mais e não por distracção abstenho-me de usar a palavra produtores)
é só natural que fosse um programa pago, patrocinado, promovido pelas editoras. E nada mais. Gostava de afirmar que neles não há valor literário absolutamente nenhum, são objectos de entretenimento e não literatura. Não posso fazer essa distinção
(porque é maior que eu a comunidade que valida esses objectos ou conteúdos como literatura)
, estaria a retroceder nos meus princípios académicos e pessoais.
Na sua pequena escala
(a mesma que os seus leitores ou a importância do seu mercado livreiro)
Portugal tem algo semelhante: não um programa, mas sim o final de um programa. Marcelo Rebelo de Sousa faz de homem e mulher num equilíbrio de filantropo e recomenda maravilhosos livros
(é tão politicamente correcto que irrita e se concentra essencialmente em autores portugueses)
. Acho feliz a concentração em autores portugueses. Mas que sabe ele de literatura? Preferia ter Manuel Frias Martins, como há uns anos atrás na Antena 2. Ao menos sabe do que fala
(mas como somos portugueses e mesquinhos e pequeninos vamos pelos vemos na televisão e não pelo que ouvimos na rádio. porque é na televisão que há celebridades)
.