Pequenas notas
Isto é como tudo
(até mesmo como um movimento pendular entre o sim e o não)
, tantos dias sem escrever e viagens de avião e comida do consolo, para o bandulho e para a alma, que chego e oscilo
(entre o sim e o não)
. A lanzudice tanta e amanhã outro tanto para fazer que começam tantas fezes por vezes de outras que entretanto cessaram. Mas isso é conversa de bufete, porque embora não tenha escrito nos últimos dias pensei que me fartei de pensar
(mas como isso é algo que eu não consigo evitar fazer continuei a pensar mesmo que estivesse cansado de o fazer e o meu pensamento fosse para deixar de pensar)
. Então refinei ideias que tinha tido.
Esta encontrei-a um dia no arco do cego, antiga estação de camionetas, na altura programada jardim de Inverno e transformada em inferno de estacionamento pago em Lisboa
(e envolvia uma entrevista a josé luís peixoto e um dos seus livros uma casa na escuridão)
. Mas como isto anda tudo ligado, interludo para dizer que o meu fio condutor são as “Metamorfoses” de Ovídio
(e estando a referência dada a ela regressarei jamais excepto a título indirecto de referência clinamen
tessera
kenosis
demonização
askesis
apophrades)
. Quando José Luís Peixoto afirma que escreve sem se referir a outros produtores, pode querer não o fazer, mas de literatura somos todos consumidores directos ou indirectos
(por isso a sua peste tão-bem-criada é o retrato de uma outra por zangas amorosas)
. Esta tentativa de forçar um espaço cultural puro é uma ilusão
(espaço esse já provado impossível)
, isto está tudo ligado. Os conceitos, tal como as imagens e as metáforas são construídos em relação.
A nova moda
(só me consigo recordar da palavra trend mas como este parágrafo vai ter um tom depreciativo prefiro manter o anacronismo de moda para condizer com os nomes)
é a da revisitação colonial. É de louvar Miguel Sousa Tavares – o poeta forte –, Tiago Rebelo e Margarida Rebelo Pinto. Outros se seguirão, mas não têm nomes sonantes nem ódios de estimação. Modinhas
(tom ainda mais depreciativo)
.