Heródoto, Kapuściński e Almásy
Dado o avançado da hora e outros factores que agora entram em disputa com a minha resolução de escrever sobre viagens e relatos de viagens estive mesmo mesmo para escrever apenas o título e deixar que as ligações fossem feitas pelos consumidores
. Consigo criar uma linha semântica que liga estes três homens
(dois que fazem parte da história e um que faz parte de uma história nas palavras de outro não nomeado)
, mas não consigo descrevê-la. Há algumas horas atrás escrevi vários tópicos que compunham a minha linha semântica, mas encontro agora uma dificuldade atroz em organizar as palavras.
Vários foram os modos que me ocorreram quando comecei a escrever
(e estive mesmo para escrever só o título algo que ainda há-de um dia acontecer não antes de me ter ocorrido escrever um poema mas os )
. Ocorreu-me até, antes do título só, escrever um poema, compor algo com jeito, cagar na rima livre, essas lérias de jogar palavras ao deus dará, e fazer algo como manda o figurino. Mas lembrei-me depois que os poemas precisam de alguns adjectivos e um dos meus propósitos era escrever sem adjectivos
(aqui falava de sobre laszlo de almásy e da sua relação ilícita e das notas nas histórias de heródoto e das paisagens geográficas)
. Nunca tinha tentado antes este exercício, o de escrever sem adjectivos
(ainda que este texto esteja já carregado deles)
: parece-me que a ideia se poderia perder na recepção, que assentaria essencialmente, não só nos estereótipos do consumidor, mas também no estereótipo que o consumidor criaria tentando alcançar o estereótipo do produtor. Mas mesmo com adjectivos é impossível de prever a recepção. O interesse seria apenas a nível de exercício.
A minha outra ideia era opor paisagens geográficas a paisagens humanas, algo que frequentemente acontece com os relatos de viagens
(e neste ponto faria a ligação entre ryszard kapuściński e de novo heródoto. e ligava por fim ryszard kapuściński e laszlo de almásy por ambos admirarem e lerem heródoto)
. Porque o que unia estes três homens eram as viagens e as histórias, escritas ou desenhadas, que traziam delas. O registo era diferente, mas a ideia era semelhante: era ter um estilo diferente para o mesmo conteúdo.