A ingenuidade da honestidade
É muito difícil acreditar num crítico
, qualquer que seja o tema sobre o qual ele esteja a escrever, qualquer que seja a plataforma em que escreve. Talvez abra a excepção para o blogue, mas mesmo assim começo a ser céptico sobre uma plataforma já tão contaminada
(como se houvesse um qualquer espaço puro sem referências culturais em que o blogue não fosse remediado nem remediasse)
.
Por críticos, aqui, no contexto desta publicação, entendo sujeitos que escrevem em jornais, revistas – ou os seus congéneres digitais
(não devem ser confundidos com a crítica feita nas academias. ambas válidas e importantes mas com funções negativamente diferentes)
–, como sujeitos que são pagos por uma entidade que estabelece uma política editorial, que muitas vezes é paga pelas editoras
(se for em portugal que é um meio pequeno é provável que ambas as entidades sejam a mesma)
dos livros que estão a... criticar?
Um dos raros espaços que o leitor tem nas livrarias é o top. Nele – em teoria – estão reflectidos os gostos
(ou o sucesso de sucessivas campanhas de marketing)
da maioria dos leitores. É uma espécie de user generated content fora do contexto digital
(o que mostra que só porque ganhou visibilidade com o blogue e outras páginas de conteúdo social da internet)
. Uma das condições para o user generated content ter valor é a sua honestidade, não interessa o que é dito, desde que seja assumido, com todas as contingências e consequências. Quando a confiança é retirada
perde todo o valor. E validade.
Os críticos não são de confiança. Tal como os tops, são manipulados e manipuláveis.