Peçonha
A preguiça é peçonha que me pega os pés e não me mexo. Depois acabo por escrever paradoxos de cama
(sempre tive curiosidade em escrever tramas de alcova mas sempre estive mais entretido nos lençóis para as poder relatar)
provérbios africanos lidos em livros cuja a impressão é apenas uma prova e versos de canções cujas rimas gostava eu de ter escrito. Há muito que não me interessava por uma metáfora de amor
(a minha amiga italiana diz que me estou a tornar num cínico mas como posso ser eu um cínico se continuo a chorar e a emocionar-me com filmes de sábado à tarde)
.
E se repito que a preguiça é peçonha que me pega os pés e não me mexo é porque nos primeiros oito dias deste nono mês consegui escrever um total de sessenta e quatro palavras em três publicações diferentes, uma das quais me granjeou um comentário que não fui eu quem escreveu
. Isto para dizer porque escrevi apenas tão poucas palavras em tantos dias, porque fazendo a matemática existencial das palavras pensei oito palavras por dia que só mais dias menos dia juntava e publicava. E pronto. Foi a peçonha que me pegou as palavras e os pés.
Há-de isto então regressar em muito breve tempo que há muito que tenho aqui alinhavadas umas linhas sobre arte e história do tempo em que trabalhava no museu. Até tenho mais umas coisas sobre blogues e sobre um leitor digital da sony. Há-de voltar com todas estas linhas já alinhavadas a toada aborrecida e voltam a desaparecer os comentários
(até os meus)
e os consumidores.