Passo acertado?
Qualquer coisa como há cerca de três anos e dois meses atrás escrevia sobre acertar o passo
(entendia-se acertar o passo com aquilo que eu gostava de fazer e que não tinha feito até então mas que em breve estaria a fazer assim pensava eu na ignorância da arrogância do saber)
no contexto da minha admissão num mestrado. A minha ideia para escrever algo sobre a minha admissão visava dar ênfase a todo o preparatório
(os detalhes mais sórdidos desde a escolha da roupa interior com menção das cores as calças a camisola os sapatos e outros mais pormenores)
deixando para um plano secundário a importância da admissão. Numa frase, no final, desembrulhava tudo e referia que no meu percurso académico faria parte um Mestrado em Estudos Comparatistas.Os dois anos que devia ter demorado tornaram três e mais dois meses
(o mesmo tempo que separa a escrita sobre a minha admissão e esta escrita sobre a sua conclusão)
e até posso dizer que a tese foi escrita entre Londres, Lisboa e Nova Iorque
(o estado não a cidade)
, por esta ordem. Não vou entrar em quaisquer detalhes, quer pessoais ou académicos, mas foi um processo longo e doloroso que começou por ser académico e acabou por ser muito pessoal.
Se de início julguei que o simples facto de ter entrado no mestrado me conferia um qualquer estatuto de inteligência
(como uma valoração comunitária)
, com o avançar do trabalho, e em certas alturas pela ausência dele, compreendi que o estatuto só existia na minha cabeça e em mais lugar nenhum. Então, aquilo que começou por ser uma demonstração pública de inteligência, acabou, no final, por ser um humilde reconhecimento de ignorância.
Regressando, de novo, três anos e mais os meses atrás. Aquilo que a que chamei acertar o passo foi um ténue acerto de coordenadas na direcção daquilo que eu achava que era aquilo que queria fazer
(acertei mas em certa medida apenas de uma ângulo ou ponto de vista mas não deixo nunca de reconhecer a importância de todo o processo e de tudo aquilo que angariei mesmo que o não reconheça publicamente por vergonha)
. Então, este é o momento em que, fazendo referência ao dia em que fui admitido no Mestrado em Estudos Comparatistas, posso dizer que há dezassete dias o completei.