Fantástica Gramática Automática
Friday, December 29, 2006
  Foi natal mas natal é todos os dias
Foi no Verão que a irmã disse que era natal
(e foi em Palmela ao pé da auto-estrada e do castelo e à noite estava frio)
e cantava uma canção e tinha a cara pintada de branco e umas asas da mesma cor porque estava vestida de anjo
(e havia um boneco de neve que não derretia porque era de espuma.)
Vestiam-se dentro de uma casa de qualquer coisa
(acho que era um café
e não eram nem anjo
nem boneco de neve
de verdade, tinham fatos e pintavam-se)
e saiam para a rua a dizer que era natal no Verão porque natal é todos os dias. E sorriam o sorriso mais amarelo que já vi
(porque os dentes eram menos alvos que os fatos)
e porque tinham que estar tristes. Acho que o natal é uma época triste. O anjo e o boneco de neve também achavam e nunca chegámos a dar as mãos e cantar essa canção em latim que cantavam
(o boneco de neve desafinava tanto
- Ui.)
Se eu tivesse uma garganta de neve também desafinava tanto como o boneco de neve, mas como ele
(era uma ela e o nome também começava por M.)
era feito de espuma e não de neve não tinha desculpa, cantava mesmo mal. Mas como diz o ditado,
- É natal ninguém leva a mal
(foi ela que me disse isto quando estávamos no carro e eu já desesperava
por um beijo
ou ir-me dali
para aqui e ficar sossegado.)
ainda tentei encontrar outra festa no calendário pagão e cristão que pudesse rimar com mal e fazer um novo ditado
(nem por isso.)
Foi no Verão e tínhamos acabado de vir de Berlim e celebrámos o solstício um mês depois no castelo de Palmela
(ao pé da auto-estrada)
enquanto fazia um frio desgraçado e nenhum de nós tinha agasalho. Vimos tudo abraçados.
 
Saturday, December 23, 2006
  História de natal de Miguel F Ceia
Nunca pensei em escrever um conto. Isto não é apenas mais uma introdução pirosa que fica bem e dá um sentido de honestidade ao texto
(como a quadra obriga)
e como não sei quantas pessoas o vão ler faço mesmo uma introdução pirosa que é esta. Não é um conto é uma história e assim não tenho que fazer finais felizes
(que não
gosto)
nem inventar que as pessoas são boas e que merece a pena acreditar nelas
(não, não merece
na humanidade em geral não naquele pequeno conjunto de pessoas que conhecemos e de quem gostamos e digo assim porque
- Odeio o verbo amar em todas as suas conjugações e a última vez que escrevi isto a minha irmã escreveu-me um poema com essa merda de conjugação
mas adoro
- Seria bom dizer amo?
o substantivo amor.)
Mas é natal e comprei um livro que traz escrita uma história que uma vez vi num filme com argumento do Paul Auster, Smoke. Tem uma banda sonora genial mas como quero escrever uma história de natal
(tanta rima tanta palavra tanto barulho)
isso não interessa muito. A história é uma narrativa dentro da narrativa e chama-se A História de Natal do Auggie Wren. É um livro bonito com ilustrações bonitas e na livraria que comprei está catalogado como livro para crianças
(com palavras como
catano
piadético
merdosos)
Eu quis fazer o mesmo com uma história minha contada por mim. É A História de natal de Miguel F Ceia e aqui acaba a introdução merdosa
(também posso dizer estes palavrões na minha história de natal porque fui eu quem definiu as regras da escrita desta história de natal.)
Já o conto
(- História
- Isso)
tinha começado há uns dias quando tive que fazer uma viagem de carro
(porque a história que conto estende-se por um período de dois ou três dias
nem eu próprio defini
uma espécie de espaço temporal que a minha memória selectiva definiu e que eu vou respeitar sem pensar muito nas justificações tenho que apresentar. Mas vendo que não é académico não tenho que justificar nada, tem apenas que ser verosímil. E como é baseado na minha realidade há-de ser verosímil
pelo menos para mim)
e já viajava há uma hora e picos e aproximava-me de Lisboa e por ter dormido pouco os olhos estavam meio fechados. Mais ainda porque o sol tinha-me batido de lado a viagem inteira. Já me aproximava mesmo de Lisboa
(e estava tão próximo que tinha até passado Aveiras)
e ao lado da auto-estrada estava uma mulher a passear
(subia e descia aqueles montes de terra que há depois das bermas onde não há caminhos e são apenas montes de terra porque não souberam o que fazer a tanta terra
acho eu)
. Saltava à vista porque tinha uma camisola cor-de-rosa e umas calças verdes. Não lhe vi o rosto mas imagino que fosse triste
(só podia ser triste)
porque ninguém passeia junto à auto-estrada para ver os carros passar. Aproximava-se de uma ponte e depois de ter passado por baixo desta continuei a pensar nela
(na ponte
e na mulher)
porque achei que a mulher se ia deixar cair. Não se atirava: dobrava-se pela cintura no corrimão de ferro pintado de verde e caía para que um carro a esmagasse com a roda. Pensava no suicídio, Não, Então porque caiu, Porque na altura ocorreu-lhe que era o melhor que tinha a fazer
(mas não sei se cai se se atira ou se se deixa cair e dobrar e cair na estrada para ser esmagada pela roda de um camião, mas continuei na auto-estrada e à velocidade que o carro me permitia e deixei de a ver mas continuei a pensar nela. Mas acho que não vai morrer, as pessoas têm direito à tristeza e estar triste não é sinónimo de proximidade do suicídio. Foi para casa e era feliz e estava a aproveitar o sol
- Tanto sol naquela manhã
- Tanta luminosidade naquela manhã
- Tanta seratonina naquela manhã
digo eu na minha voz de narrador que sabe tudo e interrompe a escrita para voltar a colocar os óculos no alto do nariz.)
Dois dias antes estava em Lisboa a passar no Martim Moniz
(já nem me lembro o que lá estava a fazer
compras provavelmente
e se calhar não estava lá e imaginei que estava lá para ter um local para a minha história e para estar em Lisboa porque era em Lisboa que eu quero que isto tenha lugar e agora me lembro que aconteceu mesmo)
por causa de um jantar com uns amigos. Íamos os dois
(ela e eu.)
Há dias que ela me notava o silêncio
- Andas tão calado
- Não
- Tão calado porquê?
- Não
(E porque não e eu não calado porque não me apetecia falar e talvez um pouco mais calado que a verborreia habitual e ecolálica em que vomito palavras umas atrás das outras na esperança que façam algum sentido quando chegarem ao seu final
encontrava-me nesse estado limiar em que decidimos a nossa vida e tudo ganha uma dimensão tão confusa e profunda que apenas no silêncio e nos nossos pensamentos encontramos um porto-abrigo porto-sossego porto-salvo-seguro)
- Mas...
- Tão calado
(e nem me deixavas explicar e voltei a distrair-me em frente ao centro comercial do Martim Moniz
o da encosta do castelo
quando um homem te pediu dinheiro e saltaste para trás
não para trás de mim)
- Já nem me lembrava do que era Portugal
- Ele falava ao telemóvel com um isqueiro
- O quê
(não te conseguia explicar a miséria daquele trapo humano
e umas vezes tão à-frente e outras tão a-trás de todas as pessoas)
- Não foi nada.
Ainda olhei duas ou três vezes para trás para ter a certeza que não nos seguia que não nos queria mal e nós já estávamos atrasados e há muitos dias que sentia que não estava muito bem
(não estou bem
- Andas tão calado
- Não
- Tão calado porquê?
- Não)
até estava bem, estava era mais calado que o habitual o que para as outras pessoas é sinónimo de que algo se passa, que não estou bem
(- Não estás bem
- Estou feliz
- Não estás bem
- Não tenho que falar
- Não estás bem
- Vou para Londres.)
Por volta desses momentos e já o homem que falava ao telemóvel com o isqueiro e que pedia dinheiro às pessoas que passavam já tinha desaparecido da tua mente e eu sabia que não me ia esquecer porque nunca te escondes atrás de mim
(nem dessa vez o fizeste
não tinhas medo, estavas assustada
- Foi o salto que ele deu)
e porque achei que era uma imagem bonita do género humano
(não homem
não mulher
o género humano assexuado e com uma consciência)
e daquilo que eu já preparava nos confins de mim, da história de natal que acabaria por escrever em três dias separados a uma velocidade que raramente é própria dos meus dedos
(mais ainda estando frio e eu quase os não sinto.)
Já me tinhas dado a mão ou o braço
(não me lembro)
e nesse momento nesse gesto
(não me apeteceu voltar a falar
ou pelo menos falar por falar)
senti que um qualquer calor me invadia. E mais que um milagre imbecil de natal como nos querem fazer crer a torto e a direito senti-me bem aqui
- Há muito que não te via sorrir
- …
(Naquele momento o casal que se batia dentro de uma carrinha
com uma criança entre eles
podia estar a sangrar e pessoas saudáveis podiam continuar a fingir doença para poder pedir dinheiro e as televisões podiam continuar a patrocinar as maiores árvores decoradas do mundo
- Há uma em Nova Iorque
- E em Tóquio e Pequim
que isso não interessa. São milagres?
- É o trabalho do Thomas Edison e muitas toneladas de ferro armado.)
mas foi naquele sorriso
(que era meu por tua causa
pelo braço
ou mão que me deste)
que não quis saber, que me muni de egoísmo e te quis só minha.
Naturalmente mais coisas se passaram nestes dois ou três dias mas essas coisas não interessam porque o sorriso estava esboçado e o conto
(é uma história, não é um conto e é de natal pela época em que foi escrita porque no resto do ano as pessoas continuam a passear junto às auto-estradas a falar ao telemóvel com isqueiros a agredirem-se e a fingir doença e pedir na rua e a árvore é para dar verosimilhança à época)
termina aqui.


Lisboa, 23 de Dezembro de 2006
 
Friday, December 15, 2006
  Sou tu amanhã
Já viajei hoje
(autocarro metro comboio avião e em breve o teu carro
e fiz mais quilómetros que muitas pessoas fazem em sete meses)
e só me apetece cair nos teus braços porque sei que tens força para me amparares e sei que vais estar no aeroporto e vais trautear o into my arms e me disseste ao telefone antes de voar,
- Já nem me lembro como se beija tanto tempo faz que o não faço
(eu também não e se calhar treinaste ao espelho como em miúdo
e depois lembro-me que a tua casa não tem espelhos e sempre que seco o cabelo tem que ser no reflexo do vidro da janela do teu quarto enquanto me cobiças em roupa interior.)
Viajei tanto e vivi tanto e tão demasiado nos últimos dois anos sinto-me tão cansada e por isso me apetece tanto o teu abraço
(um dois três quatro cinco seis sete oito nove dez onze e
não são contáveis os abraços mas a possibilidade de os ter.)
Puxo a mala pela pega
(não certa que partiste a certa
pesada que estava com roupa que disseste que eu não ia usar e não usei)
e não te encontro andas a ficar atrasado como eu fui. Não, não é de ti estares atrasado, o mais certo é estares a olhar para alguém sobre quem irás escrever mais tarde
(a mulher das limpezas tem um ar triste, limpa merda o dia todo
as pessoas fumam tanto, o que eu não dava por um cigarro
as crianças impacientam-se, que familiares vão ver
há cheiros para cada raça
nativo, tenho que ter cuidado por causa do pós-colonialismo
que manancial de possibilidades, perdia-me aqui e sem dar conta já desmarquei o livro mas como vou no início não faz mal
mas será que ela demora muito)
e nem te dás conta que eu já te olho a conversar contigo e com o livro de capa vermelha que lês
(o que lês?)
eu é que te abordo, prostro-me à tua frente e só porque a nuvem descobriu o sol e tu não o sentiste directo é que deste conta que alguém estava há alguns segundos
(longos segundos
largos segundos)
a observar-te, a olhar-te directamente como se fosse eu a esperar e tu a chegar desse mundo tão fácil e tão impenetrável que é o teu.
Abraças-me com tanta força e saudades que não és tu quem precisa de protecção sou eu pequena e frágil e estás tão magro que se vão ver os teus ossos quando estivermos nus daqui a nada quase.
“Este livro é mesmo bom e sabes que há muito poucas traduções de Ovídio e é incrível, tens que ler tens que ler”
(e mais e mais e mais e mais)
disparaste na tua ecolalia e quando entramos no carro
nem sei qual porque tu não sabes qual
(preto cinzento azul)
calo-te com os lábios e já as tuas mãos estão no meu corpo, já me mapeias por cima da camisola de lã, a mão desliza entre a saia entre as pernas e
- Vamos embora.
 
Monday, December 11, 2006
  Moral do a deus
[Prólogo]
Não lhe mudei o título e falo em mudar o título porque o que está escrito
(abaixo acima nunca sei como é que se diz quando se lê num ecrã como para os blogues)
já tem um ano quando eu pensava que era possível para um escritor
(pretensioso)
escrever para um jornal. Mais ainda o da sua terra. Enviei este trabalho que nunca chegou a ser publicado em versão impressa
(porque além de ser vestir desgraçadamente mal, o dono e editor do jornal é um paneleiro que não tem tomates para
afrontar
enfrentar
ninguém)
por várias razões e sai agora em versão digital.

[Texto com actualizações mas em que o busílis da questão permanece]
Falava com deus
(a consciência o pensamento
e estas duas palavras o resultado de uma mente analítica agnóstica.)
Nada metafísico, prendas de natal e brinquedos
(nunca a bolacha branca missal)
sem nunca compreender a sua existência como algo dentro do mim, um enorme diálogo com a minha consciência inconsequente. Do resultado das conversas
(comigo eu deus)
não conseguia perceber a sua existência, mas não fui a ponto de o fazer um deus Job. Era tácito. Mas nunca foi posta em causa a sua existência.
(- Ainda acredito
Dúvida
- Ainda acredito
Dúvida
- Ainda acredito
Dúvida
Ainda acredito, sinto o esforço que faço e quando contraio os músculos sinto-o a existir à minha volta, a regular o universo cósmico a ser o ponto de equilíbrio gravítico e anti
sem este palavreado.)
Fui à catequese por osmose um grupo de crianças de seis anos que também ia
(com a contínua que canta o fado e acha que canta bem e quem a conhece sabe tão bem de quem falo
- Pezinhos limpos, sem empurrar
e o toque da campainha para a saída ou intervalo.)
Jesus gosta de silêncio no seu lar
(o das freiras
“Vivem todos juntos?” – um homem tantas mulheres – tentação.)
Não fui à catequese
(um bilhete para os meus pais, demasiado barulho na casa de deus
ou Jesus
e eu gostava daquilo, era divertido “Divertido de mais!”
A religião é uma coisa séria.)
Aulas de moral dadas na sala de aula
(beato ordinário a ler o breviário no carro com o autocolante a dizer “Deus é o Senhor” o chapéu de coco e às vezes a charrete)
porque deus me ajudava
(ou Jesus)
e numa tarde, em vinte minutos dei três beijos na boca a três raparigas diferentes. Sem língua porque nessa altura a língua serve só para os gelados
(de gelo da Olá aromatizados a limão ou laranja.)
Bateu-nos em nome de Jesus e deus e já não sei qual deles era e de que testamento e de que livro ou versículo e deixei de acreditar. Às vezes tenho pena de não acreditar mas as pessoas reprimidas são sempre tão más que temos tendência para as não ter ao perto. É mais evitar carolos e porrada que aprender coisas interessantes. Gosto de Jesus e deus pelas histórias – ainda que machistas e facciosas – mas duvido sempre
(Obrigado Brecht.)
Não acredito no transcendente. E às vezes nem nas pessoas.
 
Thursday, December 07, 2006
  Almofadas
Estou a ler um romance e uma personagem feminina põe duas almofadas numa cama de homem que dorme só
(estou a convidar-me a oferecer-me a dar-me ao amor.)
Não por acaso, um amor que dorme só diz-me que comprou uma almofada a mais para colocar na sua cama
(- É para ti, é dormirmos juntos
não me interessa que venham amigos e amigas, quero é que venhas tu e que existas no calor do meu corpo, que toques como só tu sabes tocar, que me enchas como só tu sabes encher e que desagúes dentro de mim de cada vez que formos um.)
Na tua almofada está a tua cabeça
(olhos abertos despertos)
olham para um almofada vazia
(onde deviam estar os meus olhos abertos despertos)
e não estão porquê?
(- Porque é que és tão fraco, dizes tu, porque é que não tens iniciativa, porque é que deixas as coisas chegar sempre a um ponto de ruptura tão profundo que me rasgas por dentro.)
Encolho os ombros porque não sei bem o que hei-de responder. Reconheço-te a razão no amor e na fraqueza. No medo não sei
(porque não sei se ele existe e qual é o seu objecto
- Acorda, pensa em dois, cresce, evolui, amadurece
tantas metáforas naturais.)

Quando dou por mim, quando nas consequências de um espírito imaturo e inconsequente se tentam fazer remendos
(como umas calças de ganga com um Lucky Luke nos joelhos ou camurça elíptica também nos cotovelos de uma camisola de malhinha
sempre nas dobradiças e encaixes do corpo.)
Quando dou por mim estrago uma vez mais algo que é perfeito, mancho a plenitude do amor
(destruo-me de cada vez que te magoo, de cada vez que te faço chorar, desgastas-te em lágrimas que eu quase puxei
de um modo ou de outro, mas que não queria de todo puxar)
, é a maldita inconsequência das acções. Eu só quero ser uma pessoa boa, uma pessoa melhor. Que não te magoe
(- Não te vou magoar
- Não te vou
- Não te
- Não
- )

Na minha cama também há duas almofadas e durmo só. Na tua cama há duas almofadas e dormes só. Só a Lídia e o Ricardo é que dormem juntos, num tácito acordo de cama feita com duas almofadas
(ou uma nas noites que ela não vem.)
 
fgautomatica@gmail.com | 'é necessário ter o espírito aberto, mas não tão aberto que o cérebro caia'
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