Fantástica Gramática Automática
Friday, March 30, 2007
  Conversas literárias e musicais
- Eu sei que não sou o Nick Cave, tenho identidade própria.
- Mas às vezes recusa-la.
- Se fosses eu também a recusavas.
 
Tuesday, March 27, 2007
  Bofetada de luva branca antecipando o duelo
Cada uma das nossas ideias novas é muitas vezes um conceito já conhecido numa outra disciplina qualquer.
Existe ainda algum preconceito por parte dos literatos em relação à manutenção de espaços pessoais na Web. Alguns casos raros fazem furor, mas gostaria de ver os grandes escritores portugueses aderirem aos blogues, por exemplo, sem medo de exporem fragilidades humanas. Quanto mais não seja, sem medo de exporem uma gralha por publicarem um ‘post’ à pressa.

R. S. Burt e Valter Hugo Mãe, respectivamente.
 
Saturday, March 24, 2007
  O espelho escuro
Ocorreu-me escrever sobre espelhos, não sobre o reflexo ou Narciso
(que parte o coração de Echo)
mas sim num sentido de reflexão. Reflexões escuras e sombreadas na caverna de Platão, uma luz negra que nos permite ver em negativo
(como roupa do avesso no cesto da roupa suja, com as linhas, as costuras, os remates.)
Reflexão, inflexão
(You can watch your own image
And also look yourself in the eye).
No topo deste blogue, está escrito que é o meu blogue literário. Ou seja, cada vez que escrevo um texto
(e tenho algures defendido num ensaio que um imagem pode ser um texto, uma melodia pode ser um texto, um vídeo pode ser um texto, um texto pode ser um texto,
- Já sei, uma outra reflexão que fiz sobre a ekphrasis
aliás, prática muito corrente nos blogues sem que as pessoas se dêem conta de que o fazem)
deveria ser literatura. Ou pelo menos há a pretensão de ser literatura. É isso que assumo cada vez que escrevo, é isso que está explícito e é isso que pretendo. Não interessam os recursos, mimese, pastiche, plágio, citação, apropriação, cópia, roubo, qualquer um é válido. Mais, podia fazer uma abordagem a partir de conceitos operativos,
(apófrades, antes de mais, depois
clinamen
kenosis
tessera
askesis
demonização)
podia fazer uma qualquer abordagem literária aos blogues. Porque se pode fazer uma abordagem literária a qualquer palavra escrita. Pode?
(Pode não ser literatura e da mesma forma se fazer uma abordagem literária. Porque para se determinar que algo é literatura ou não é imperativamente necessário que se defina literatura
o que é?
quem determina?
No entanto sinto-me inclinado a dizer que os blogues podem ser literatura
com mais ou menos duvidas
porque tal como um livro, os blogues são apenas o suporte. O conteúdo é que determina se é literatura ou não. A plataforma também define, de certa forma, a mensagem
“The medium is the message”
mas não determina se esta é literatura ou não. Mais, antes de ser escrita a literatura era oral!)
Uma das definições de blogues desconstrói etimologicamente a palavra weblog. É
agora o preconceito é para ser preconceito para depois ser combatido
uma espécie de diário íntimo
(sem cadeado porque todos lêem
e tem rosas quem quer rosas
e tem cravos quem quer cravos
eu quero letras pretas em fundo branco, mas já quis de outra forma
forma é mesmo a palavra que quero porque é forma em todos os sentidos, ângulos, acepções, interpretações, condições)
que cada um pode escrever o que quiser. As histórias do quotidiano, histórias inventadas, reflexões políticas
(ou metabloguistas.)
Sinto que desde que comecei a escrever na primeira pessoa do singular, há uma interpretação daquilo que escrevo como realidade, como facto da minha vida. Como pretenso escritor, escrevo na voz que quiser
(e ainda que toda a escrita é autobiográfica porque se fundamenta na experiência do autor)
sem que isso estabeleça uma directa ligação à minha vida pessoal.
Este é o blogue literário de Miguel Fernandes Ceia

Linhas em itálico são versos da canção Black Mirror dos The Arcade Fire.
 
Thursday, March 22, 2007
  A minha geração
But my life, from my own point of view, has been full of drama, right?
 
  Generation Gap
Photo Sharing and Video Hosting at PhotobucketPhoto Sharing and Video Hosting at Photobucket
É isto que me separa do Pedro Mexia. E repetida audição dos discos dos Silver Jews.

Uma espécie de dialéctica muito apreciada
(o mundo divide-se entre aqueles que gostam de
Tom Berenger, Glenn Close, Jeff Goldblum, William Hurt, Kevin Kline, Mary Kay Place, Meg Tilly, JoBeth Williams
e aqueles que gostam de
Ethan Hawke, Julie Delpy)
que experimento pela primeira vez. E acho que gosto. Fico a ver se tenho mais ideias para dialécticas. Agora que, tal como a Maria quer que eu diga publicamente, acredito que as dialécticas existem no mundo real e não só no conceptual
(abstracto.)
 
Monday, March 19, 2007
  Heitor
Há algumas noites atrás sonhei com o Heitor
(ou para ser mais pujante)
Sonhei com o Heitor
(quero uma afirmação com esta força, dura, rápida e certeira e para que não haja confusões, o Heitor não é o de Homero Ovídio Vergílio
é o meu
fico sem palavras porque não posso
é injusto
chamar amigo a alguém que já não vejo há cinco anos, de quem não quero saber há cinco anos, que não quer saber de mim há cinco anos. Não é injusto porque ele se esqueceu de mim nos últimos cinco anos
isso é lá com ele e com a consciência dele
mas sim porque eu não quis saber dele. Com a minha consciência devia poder eu bem com, mas a verdade é que não posso.)
Sonhei com o Heitor que era um daqueles amigos da adolescência que daria um personagem fantástico se o Rui Cardoso Martins fosse uns anos mais novo e o tivesse conhecido A vida dele era tão tramada que muitas vezes penso que ele dependia apenas dos amigos Podia estar tudo bem por fora mas havia algo que o roía por dentro que o egoísmo adolescente não nos permitia ver
(da mesma forma que o egoísmo universitário não deixou ver muitas outras coisas ou começámos
uns mais cedo do que outros
a tapar o sol com a peneira ou simplesmente a ignorar algo que estava a ganhar forma. Depois do fundo quase ter cedido quando caiu em queda livre sem rede nem pára-quedas levantou-se e sacudiu o pó dão fato de devia ter posto e fez-se à vida.)
Não sei porque sonhei com o Heitor e até podia saber no meu intimo que há uma razão que me fez ter aquele sonho
(o único em cinco anos)
mas desta vez e daí que esteja intrigado não consigo palpar as razões pelas quais aquilo aconteceu. Sei nada
(e mesmo assim o suficiente)
para saber que os sonhos que temos não acontecem por acaso, relacionam-se com aquilo que fomos somos e
(talvez)
iremos ser tudo num movimento hermenêutico e esotérico. No entanto o meu conhecimento em ambas as áreas é tão limitado
(três áreas
psicanálise
hermenêutica
esoterismo)
que não sei por onde é que hei-de pegar. Talvez pela hermenêutica, mas para isso teria que escarafunchar muito em mim, nele, em nós. Não quero. Senti-me sempre menor ao lado dele. Não quero falar sobre isso Não quero escrever sobre isso CHIU!
Sonhei com o Heitor e acaba da mesma forma como começa. É verdade que o sonho metia drogas e verdade que o sonho nos metia a todos. É de fácil compreensão as pessoas que aparecem no sonho, mas não o porquê. E é aí que reside, naturalmente o busílis da questão que não quero explorar.
 
Thursday, March 15, 2007
  De bicicleta até Surrey
O gajo é meu amigo, de certeza. Antes de me sentar não sabia muito bem se merecia um documento Word, uma publicação, uma auto-edição no meu blogue; mas o simples acto de escrever
(e carregar nas teclas é físico mas o que pretendo escrever é metafísico, porque é digital e ninguém vai poder agarrar as letras
talvez copy paste cut se interessar)
é-lhe devido. O gajo é mesmo meu amigo. Tinha uma história complicada com o Surrey, uma mulher, uma nanny e um ou mais filhos que estavam com a nanny, uma bike
(que não compreendi se era bicicleta ou motorizada
ciclomotor,
não sei porque não espreitei à janela quando ia embora.)
A história começa com uma caldeira, um aquecimento central, uma campainha, os fios do telefone cortados
(o gajo
que acabará por ser mesmo meu amigo
tinha que ir de bicicleta até um sítio, apanhar o carro e a mulher
portanto não era uma a mulher mas sim a mulher
que se via bem pelo cachucho no anelar esquerdo
e depois guiar quarenta milhas até ao Surrey que és nos arredores, mas não sei bem onde é, há-de ser perto, de acordo com algumas medidas de grandeza, mas para uma ilha assim não tenho tanta a certeza)
e o gajo que vem arranjar isso tudo que chega às quatro e vinte mas que não trabalha depois das cinco, porque tem que ir apanhar o carro, a mulher para depois guiar quarenta milhas até ao Surrey onde tem que ir buscar o filho
filha
filhos
filhas que estão com a nanny e depois vai para casa brincar às famílias felizes. Ou se calhar não é a brincar e é mesmo feliz e não é inglês
(pareceu-me italiano, mas depois de o ouvir falar ao telefone, que era algures da Europa de leste.)
Chama-se Haggis
(soava assim, mas não se escreve assim, esta é a minha piada culinária
haggis: miúdos de carneiro enfiados dentro do estômago do bicho cozidos durante duas a três horas e servidos frios; prato tradicional escocês)
e era electricista há um ano, segundo me informou. Ou seja, era impossível ter um cozinhado a arranjar-me o sistema eléctrico, mas podia ter sido um cozinhado a estragar-mo, era isso que ele estava a fazer. A tentar descobrir.
(Duas horas, um encastrado desmontado, dois electrodomésticos arrastados, todas as fichas desligadas, uma cozinha sujíssima depois
descobriu o problema, arranjou o problema e os fios do telefone previamente cortados na noite anterior e foi-se embora a falar na mulher na prole e na nanny.)
Fui para o quintal fumar
(já não fumo de dia nem sozinho, posso até fumar anónimo num café, mas não fumo sozinho)
e pensar que consegui trabalhar antes das quatro e vinte
(altura em que o gajo que é mesmo meu amigo chegou)
e pronto. Agora é agora, ele foi-se embora e eu escrevi.
 
Sunday, March 11, 2007
  Pequeno-almoço e Glenn Miller
Foi ontem, à tarde
(depois do metro, do mercado, das compras, do telemóvel, dos livros, do iPod, do vinho e do azeite
depois de tantas tarefa inventadas e outras que eram mesmo necessárias
o telemóvel
os livros
o azeite e o vinho não tanto)
depois de tantas horas fora de casa. E antes de tudo mais comia torradas e bebia café português
(não é tão exótico como beber café turco para parecer cosmopolita, mas o que me interessava era beber bom café e o melhor café do mundo é o café português, além do mais é tradicional
e agora que estou a viver fora é que me dá para o lusocentrismo)
e no rádio, em estação nenhuma porque estava desligado, tocava uma compilação de jazz comprada por poucas libras, há um ano atrás no mercado de Portobello
(essa palavra tanto dá uma de snobismo cosmopolita
como uma de amante de má literatura pensando no último romance do Paulo Coelho)
; então, bebia café português, comia torradas com manteiga e Glenn Miller. E depois Nina Simone outros que não conheço. É aquele jazz velhinho, para dias de chuva e pequenos-almoços às duas da tarde
(mas não estava chuva e o sol era quente)
mas também podia ser outra coisa, um álbum riscado que anda perdido ao pé da fruta na cozinha, umas versões que o Thelonius Monk fez, uma faixa sete fabulosa que me arrepia e ponho no repeat one na esperança de
“É a quarta vez que estamos a ouvir a mesma canção. Tira lá isso”
ninguém reparar e ainda por cima a canção é tão pequenina, só dois minutos e pouco. E consegui ouvir a música, a mesma, durante quase dez minutos seguidos. Um jazz solado de saxofone com um acompanhamento de orquestra. E isso foi tudo ao pequeno-almoço. Depois o metro, o mercado, as compras, o telemóvel, os livros, o iPod, o vinho e o azeite, depois tantas tarefa inventadas e outras que eram mesmo necessárias, o telemóvel, os livros, o azeite e o vinho não tanto.
(Por fim o regresso a casa, sentado em frente ao computador, escrever à socapa entre tradução e introdução ou conclusão
de novo o iPod e quando a conversa estava no auge)
“Stop distracting one another and do your work!”
 
Tuesday, March 06, 2007
  Explicação do óbvio
Tanta informação que nem consigo sair de casa com um livro para os transportes ou música nos ouvidos
(nunca sequer ninguém pensaria que um dia seria capaz de colocar um post ao lado da cara do Morrissey porque eu sei que ele está aqui ao lado destas palavras
“Eu acho que os olhos dele foram tratados por um programa ou retocados pelo fotógrafo”
e sei que ele aqui está porque fui eu quem o pôs e porque a imagem transmite uma informação metatextual directamente ligada ao título e que não tem nada mais que ver com o texto, a não ser com estes primeiros parênteses
e até podia dizer com todos os parênteses, mas ainda não decidi se vou colocar mais ao longo do texto.)
Perdi-me depois de tanta informação. Queria que esta imagem bastasse para transmitir o que quero, uma mudança na vida, completando a imagem anterior. Uma espécie de piada musical
com The Clash e Morrissey
sobre a evolução da minha vida. É fácil 2+2=?
5 para que fique completa a trilogia musical britânica com os Radiohead.
Está explicado.
(Afinal só usei uns parênteses, podia até ter escrito nos únicos parênteses, a não ser nestes, que teria poupado se tivesse logo escrito todos os parênteses.)
 
Friday, March 02, 2007
  Eu devia andar a ouvir este álbum
 
fgautomatica@gmail.com | 'é necessário ter o espírito aberto, mas não tão aberto que o cérebro caia'
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